Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Nascimento de um Rei

“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. Vendo eles a estrela, alegraram-se imensamente. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe e, prostrando-se, o adoraram. Então, abrindo os seus tesouros, lhe apresentaram suas dádivas: ouro, incenso e mirra.” (Mt 2:9-11)

Luzes brilham nas casas, nas praças, nas ruas. Em lojas ouve-se o barulho eletrônico de sininhos tocando, anunciando. Entra ano, sai ano, comemoramos o Natal. Data eleita para que o mundo se lembre de que, em Belém, há cerca de 2010 anos, nasceu um Menino.

Mas não era qualquer menino. Seu nascimento foi anunciado por anjos e profetas. Até os luminares, que por Ele e para Ele foram feitos, se moveram para mostrar o local, humilde e pobre, onde escolheu nascer no meio de nós.

Os magos do Oriente reconheceram a sua estrela, e vieram em busca dEle, adorá-Lo. Diante dEle, abriram os seus tesouros, e lhe apresentaram suas dádivas. Tesouros abertos diante do Rei. Um Rei nascido com aparência humilde, para nos ensinar que riquezas deste mundo são nada ante o brilho maravilhoso das estrelas colocadas no céu.

Agora, em dezembro, tocamos sinos. Convidamos pessoas, cantamos nas praças, damo-nos presentes, para, quem sabe, reverenciarmos em nosso irmão Aquele que veio por nós.
Neste Natal, possamos nos prostrar diante Dele. Possamos, verdadeiramente, adorá-Lo. Lembremo-nos Dele, não como lenda, mas como alguém que ainda hoje, vive.

Sim, Jesus Cristo nasceu e vive ainda. Ele está no meio de nós. Nos passos dos necessitados, podemos encontrá-lo clamando por amor, por justiça, por mansidão.
Ele está no meio de nós. Como estrela a nos mostrar ainda que há um Caminho, uma Verdade, uma Vida.

Ele está no meio de nós. Não nos pede presentes, mas o que está em nossos tesouros: “Pois onde estiver o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração.”(Lc 12:34)

Ao som dos sinos, deixemo-nos tocar por Ele. Na direção das luzes, deixemo-nos guiar por Ele. E, diante Dele, abramos nossos tesouros para entregar-Lhe, inteiramente, os nossos corações.

“O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome será: MARAVILHOSO, CONSELHEIRO, DEUS FORTE, PAI DA ETERNIDADE, PRINCIPE DA PAZ.
Do aumento do seu governo e paz não haverá fim. Reinará sobre o trono de Davi e sobre seu reino, para o estabelecer e o fortificar em retidão e justiça, desde agora e para sempre.” (Is 9:2;6-7)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carta para Tia Mirtes

Querida Tia Mirtes,

Um verdadeiro presente de final de ano essa história de nossa família contada por suas lentes!

Especialmente importante para mim, que estou empenhada na construção do meu genograma, visitando a história da minha vida gerada desde os meus tão queridos avós paternos e maternos. Por ele passarão, sem excessão, todos os tios e tias, primos, sobrinhos e cunhados...

É bem verdade que não conheci vovô Fernandez, e de vovô Artur não me lembro. Mas tenho vivas na memória vovó Maria Candida e vovó Maria Elisa: uma artista da alma, tão serena, tão doce como os docinhos de leite cortadinhos, todos iguais, em losangos.... E o cheiro do fogão de lenha, que insistia em funcionar, mesmo com outro a gás. E o sabor de seus quibes, e o cheiro do armarinho de barril, que até hoje me lembro. E a tesoura que destrinchava o frango nos almoços de família. E sua doce voz consolando as meninas num dia de carnaval que insistia em chover: "Névoa na serra, chuva na terra - névoa baixa é sol que racha!". E sua paciencia me ensinando alguns pontinhos de crochê.

A outra, artista da música. Sua casa para mim era piano tocando... Sua voz quase sumindo, mas os dedos cheios de energia fazendo sair do piano as notas de Bethoven e Bach. E seu casaco preto com gola e punho de pele, que agora, por herança, foi confiado a mim.

Guardo comigo um tesouro, que são as histórias contadas. De gente que nunca vi, como Tia Alice, tão viva em minha memória. A imagem dos índios que nunca visitei, mas com quem minha tia, corajosa desbravadora - assim eu contava com orgulho - vivia e de quem trazia objetos que me deixavam fascinada! Especialmente uma "armadilha" de colocar o dedo e quando se puxava: pronto! Estava preso pra sempre! E um pente de cabelos, e tantas coisas assim.

Lembranças: DeTia Anália as almofadas, de tia Lude, a elegância e a boutique tão cheirosa, de Tia Cordélia, a doçura, de tio Chico as risadas, de Tia Camo a sobriedade e aquela casa mágica onde quase morri de medo quando fui dormir lá com o Zé. A porta era muito grande, e o quarto era meio escuro... Acho que dei trabalho... De tio Almir, a farmácia! E a cura para minha alergia!
De tia Cecília, as hospedagens incontáveis, os carnavais de mesa posta, a segurança de ter a casa da minha tia pra chegar de toda aquela folia. De tio Duílio, o trabalho ao telefone. De tia Miriam, tão querida, os gatos, a vaidade, os lencinhos e... aprontar-se para o homem amado! De tia Martha, os comentários do dia! De tia Tereza, a alegria, de tio Antero laranjas serra dágua que ele mesmo descascava... De tio Marçal, figura ilustre e inteligente... exemplo de gente importante!

De meu pai e minha mãe, a certeza de ter família.

Assim vou eu, também tecendo, com os fios da história contada, e recontada por tantos, tal qual o rosário de vovó, a história da minha vida.

Obrigada. Que Deus abençoe você, todos os tios e tias, primos primeiros, primos segundos e outros mais, com saúde, Graça e muita paz!

Agradeço a Deus por ter nascido nesta família, que nos sobrenomes Fernandez e Versiani dos Anjos fez uma mistura feliz de carater, sonhos, amor, aconchego, direção, compaixão e amizade. Agradeço a todos vocês, que nos antecederam na história, e construíram esse maravilhoso legado.

Aproveito para desejar um Feliz Natal, cheio da renovação e do amor que há na presença de Jesus.

Um grande e saudoso abraço,

Tiza

sábado, 13 de novembro de 2010

Voando nos céus de um novo dia


“Mas como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Co 2:9)



“E disse Deus: Haja luz. E houve luz. Viu Deus que a luz era boa, e fez separação entre a luz e as trevas. E chamou Deus à luz dia, e às trevas, noite. E houve tarde e manhã – o primeiro dia.” (Gen 1:3-5)

O brilho da manhã que chega se irradia em luminosos feixes que fulguram mais em contraste com o céu ainda escurecido da noite. Junto com ele, pássaros vêm de toda parte deslizando seus corpos no espaço infinito.

Para quem está doente, as noites parecem não ter fim. A chegada do dia anuncia também o conforto da chegada do primeiro médico, da enfermeira, da medicação. Para quem não dorme, o dia raiando é alívio da longa e inquietante noite.

Para quem acordou mais cedo, o espetáculo. No silêncio dos começos, apenas o trinar de pássaros que louvam a Deus com o que têm. No céu vão bordando com seus próprios corpos a coreografia da vida pela manhã, e cantam. Suas vozes são diversas e incontáveis. Nos acordes harmoniosos que a natureza compõe, podemos sentir o coração do Criador pulsando, uma vez mais, no dia que se refaz.

Um novo dia. Um novo tempo. Tempo de fazer diferente o que ainda não foi feito, tempo de recomeço. A cada dia, a oportunidade. Com o surgimento da luz, a possibilidade de ver. E de separar. De escolher outro rumo, mudar. Tempo de criar asas e, como pássaro, voar pela imensidão azul, distanciar-se do burburinho cotidiano.

No alto céu, deleitar-se apenas na luz. Voar ao encontro dos feixes dourados e brincar com nuvens. Simplesmente ser. Em profunda gratidão, viver pelo propósito do Criador. Despir-se do que não é importante, despedir-se de muitas coisas. Partir para vôos mais altos, sem levar ouro, nem prata, nem cobre, nem alforje, nem túnicas, nem sandálias, nem bordão. (Mt 10:10)

Na noite da Cruz, o prenúncio do glorioso dia da Ressurreição. O novo dia: vitória da Luz sobre toda treva. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram sobre ela.” (Jo 1:5)

Confiados na Graça, aliançados no Espírito, apenas ser. Mas não o ser que desejamos. Ser o que foi desejado pelo Criador. No raiar de um novo dia, encontrá-Lo, e dizer:

Senhor, eis-me aqui. Dá-me tuas asas para voar contigo! Leva-me Senhor, a lugares que ainda não fui. Tira-me, Senhor, da escuridão de meus pensamentos e desejos e mostra-me, como Pai Amoroso, a minha verdadeira natureza em Ti. Faz-me brilhar como espelho da tua Luz, e dá-me capacidade de amar, verdadeiramente, quem És.

“E o que estava assentado no trono disse: Faço novas todas as coisas." (Ap 21:5)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

QUAL É O SEU TALENTO??

“Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir. Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se para longe”. (Mt 25:13-15)

Não gosto de ver TV. Penso que se aproveita muito pouco das numerosas horas de programação diárias veiculadas por diferentes emissoras. Mas, porque tenho uma filha que, como os de sua geração, já nasceu com TV em casa, na sala principal, algumas vezes abro mão de minhas rígidas convicções para passar um tempo com ela e entender um pouco do universo televisivo que chama a sua atenção.

Há um programa em especial que ela não gosta de perder, e ele se chama: QUAL É O SEU TALENTO?. Trata-se de um programa de calouros, onde muitos se acotovelam em busca de um lugar ao sol garantido pela exibição de seus 5 minutos de fama. Neste programa há um júri que julga os talentos e tem poder para dispensá-los ou fazê-los permanecerem na competição. Chamou-me mais atenção o nome do programa do que seu conteúdo, que algumas vezes sofre um veto de censura em minha casa (quando à competição se incorporam demonstrações de gosto duvidoso).

Mas o nome do dito programa levou-me a lembrar da parábola onde Jesus conta aos seus discípulos sobre talentos. Vejo-me, uma vez mais, por uma dessas razões que somente ao Espírito cabe discernir, levada por um programa de calouros na TV à reflexão sobre o sentido da minha existência.

De frente para o espelho imaginário que tenho em meu quarto quando fecho a porta, e de frente para o Deus real que, estou certa, está lá sempre que me proponho a buscá-lo, sou confrontada com a pergunta, em tempo real: “QUAL É O SEU TALENTO?”.
Do Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa extraio:

ta.len.to1
sm (lat talentu) 1 Antigo peso e moeda dos gregos e romanos. 2 Grande e brilhante inteligência. 3 Agudeza de espírito, disposição natural ou qualidade superior. 4 Espírito ilustrado e inteligente; grande capacidade. 5 Pessoa possuidora de inteligência invulgar. 6 Força física; vigor.


Em uma tabela de conversão de pesos e medidas encontro que 1 talento equivalia a 12.600 gramas de prata.

Na parábola contada por Jesus, ouvimos que um homem tinha 3 servos. Deixou com cada um deles uma quantia determinada de talentos, de acordo com sua capacidade, para que cuidassem durante sua ausência. Dois deles dobraram o que haviam recebido. Um deles, no entanto, temendo sobremaneira o seu senhor, enterrou a quantia que recebera, para não correr riscos.

O que dizer da aplicação dessa parábola em nossas vidas hoje?

A cada um de nós, conforme a justa medida do Senhor, foram entregues talentos. Agora entendidos como valor, não em moeda corrente, mas em capacitação: habilidades, dons, facilidades, oportunidades de estudo, oportunidades de trabalho, todo tipo de aprendizado e acesso a educação; capacidades diversas.

Convido o leitor a um passeio pelo quarto fechado, e a um encontro com o espelho imaginário e o Deus real, onde duas perguntas se impõem:

A primeira, a exemplo do programa de TV:

- Qual é o seu talento? Quais as habilidades que o Senhor Deus entregou em suas mãos?
Pode ser que ao deparar-se com o espelho você descubra que foi agraciado com o dom, por exemplo, de escrever. Ou costurar. Quem sabe bordar, planejar, comprar, vender, negociar. Talvez o seu dom seja ensinar. Ou então ouvir. Ou falar. Pode ser que você tenha sido capacitado a construir. Ou desfazer, desmanchar.
São tantas as capacidades do homem quanto abundantes são as necessidades da humanidade.

Diante do espelho, é preciso perguntar ainda:
- O que você tem feito dos talentos que o Senhor lhe confiou?

Caminhando pela Bíblia me encontro com uma mulher encantadora chamada Dorcas. Atos 9:39 nos conta que muitas viúvas choravam a morte desta mulher e mostravam a Pedro as túnicas que ela lhes havia feito, costurando. Dorcas marcou a comunidade em que vivia por saber qual era o seu talento, e por multiplicá-lo entre tesoura, tecidos, agulha e linha. Seu trabalho talvez não fosse o mais importante da região, mas com certeza era fundamental. Com seu trabalho ela garantiu vestes a viúvas que, sabemos, provavelmente encontravam-se em condições de grande necessidade.

Encontro, ainda, em Mateus 25, com o servo que gaguejou diante do seu senhor:

“Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”. Este homem foi chamado por seu senhor de servo mau e negligente.
A negligencia com os talentos que recebemos, ensina Jesus, será julgada pelo Senhor quando voltar.

Não acredito em uma divisão estabelecida por muitos: vida na igreja e vida secular. A vida é a vida, vivida todos os dias, não importa onde estejamos. A vida é o sopro do Espírito que foi dado por Deus, e que um dia, como um novo sopro numa vela, será por Ele tirada. Ao tempo em que vivemos, como uma vela, vamos desgastando nossa matéria. Desfazendo-nos pelos caminhos que percorremos.

Os dons e talentos que recebemos, tal como a dracma perdida, precisam ser buscados com diligência. A palavra nos diz que há tesouros escondidos e riquezas encobertas. Precisamos examinar nossa existência considerando que temos um tempo para servir.
“Neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta de outro, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade.” (2 Co 9:14)

Diversos dons, diversos talentos, mas o Espírito é o mesmo. Aquele que nos fez corpo, deseja que possamos, como no corpo vivo, trocar funções vitais.
Ai do coração se não fossem os pulmões, ai dos pulmões se não fossem as costelas, ai dos braços se não fosse o tronco. Somos órgãos vitais de um corpo vivo. Somos células, enzimas, linfa, sangue, pele, suor, estomago, mente, coração. É preciso servi-Lo em toda circunstância, em todo tempo, em todo lugar. Começar cada dia entendendo quais são os talentos que nos foram dados a multiplicar, e não temermos tanto que sejamos levados a fazer como os avestruzes, enterrando nossa cabeça no chão.

Viver, amar e trabalhar. Para Freud, pai da psicanálise moderna, capacidade de amar e trabalhar são os principais sinais de saúde emocional. Para Jesus, Pai de toda a sabedoria, estas são as condições para caminharmos com Ele.

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” 2 Coríntios 9:7

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

IDENTIDADE CRISTÃ E A QUESTÃO DA INTIMIDADE

O homem é um ser social. Nasce frágil e dependente dos cuidados da mãe ou de quem faz esta função. A medida que vai crescendo, vai formando sua identidade nos relacionamentos que estabelece com os que o cercam.

Até a adolescência, o ser humano se relaciona basicamente com sua família e com o círculo que estabelece na escola e, freqüentemente, com o seu grupo religioso. Nestes grupos vai constituindo sua identidade, tentando responder à pergunta: QUEM SOU EU?

Todo ser humano responde esta pergunta a partir do outro. Olho para minha mãe, e vejo em seu olhar, ou no que diz sobre mim, algo que irá me constituir e que vou tomar como parte da minha identidade. Olho para o meu pai, para os meus irmãos, e faço o mesmo. Crescendo, olho para os meus colegas e começo a perceber diferenças entre o que até então entendia de mim mesmo e os grupos com os quais quero conviver. Na expectativa de pertencer a grupos maiores, passo a tomar para mim maneiras de ser, de pensar, de agir, que possam me garantir passe livre pra freqüentar esses grupos.

A questão da identidade no homem passou a ser um problema desde que ele rompeu com sua identidade primeira, no jardim do Éden. A pergunta filosófica: QUEM SOU EU, se institui no momento em que o homem não mais se identifica com a imagem e semelhança do seu Deus Criador. A crise de identidade do ser humano começa aí. A partir desse momento, somos sempre dependentes de alguém que nos diga, afinal, quem somos nós, a que viemos, e para onde iremos.

Talvez a juventude cristã contemporânea, como de resto todo o corpo da igreja, esteja vivendo uma crise de identidade sem precedentes.

Para quem estamos perguntando, hoje, sobre nós mesmos?

A televisão, a sociedade, as escolas, nos dizem que a juventude é para ser vivida intensamente. Defendem ou de alguma forma querem preservar os relacionamentos descompromissados, onde a sexualidade possa ter livre expressão desde que reservados os cuidados com doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Já vão muito longe os tempos em que namorar era tempo pra conversar, pra conhecer, pra perceber o outro antes de trocar carícias.

A juventude cristã vive um dilema. Enquanto o mundo apresenta como “liberdade” a vida descompromissada e sem limites para o prazer, a Palavra de Deus nos diz para não nos defraudarmos uns aos outros, para nos guardarmos em santidade.

Onde estaria então a verdadeira liberdade?

Se olharmos atentamente para o que o Senhor Deus nos coloca como mandamentos, veremos que todos eles são fruto de um cuidado do Senhor conosco. Amar a Deus, amar ao próximo, não cobiçar o que é do outro, honrar os pais, descansar um dia por semana. Tudo isso Deus instituiu para nos preservar. Com a santidade não é diferente. Deus criou a sexualidade, e viu que isso era bom. Deus criou os hormônios, e o desenvolvimento do ser humano da infância à vida adulta. Deus criou a juventude. Mas se Ele nos diz para nos preservarmos sexualmente até o casamento, é porque isso é possível e necessário.

Quem já passou por mais de um relacionamento onde teve muita intimidade sabe disso. Cruzar com alguém com quem tenha compartilhado a intimidade, o corpo, seja em que nível tenha sido, e de repente perceber que de tudo aquilo restou apenas um olá distante é doloroso. Mais ainda se for preciso continuar convivendo com essa pessoa, porque pertencem ao mesmo grupo. Dói ainda mais se agora aquele ou aquela com quem compartilhou-se intimidade estiver com outro/outra. E aí dá vontade de perguntar: pra que tanta precipitação? E agora, será que ele/ela contou para alguém o que aconteceu? E, agora, como ficar diante de Deus?

Vale pensar: quais são os critérios que devo ter em mente pra pedir alguém em namoro? Atração física? Vontade de saber “qual é”? Hormônios em ebulição?

Anda fora de moda a oração. Parece que não se usa mais no meio cristão entrar num período de oração quando se tem um pedido de namoro, para então decidir se deve-se ir ou não. Atende-se ao ímpeto como no mundo.

Qual deveria ser a motivação para se iniciar um namoro? Em que bases esse namoro deveria se estabelecer? É legal “ficar”, ou seja, ter intimidade de beijos, abraços, para experimentar, para ver se há compatibilidade de pele? Um relacionamento segundo a visão cristã é um período de conhecimento mútuo, de aprofundamento da amizade

Respeitar o meu próprio corpo é dizer ao outro que eu me amo, e por isso devo ser amada/amado por ele. Impor limites ao namoro é antes de tudo me preservar de marcas que poderão ficar para sempre.

Na década de 80 havia uma expressão: amizade colorida. Essa expressão denotava que se podia ter um amigo com quem eventualmente “ficasse”, sem maiores compromissos. Na esteira das amizades coloridas, muitas vidas foram desfeitas, muitos abortos, muita gravidez indesejada, muitos casamentos precipitados e infelizes.

A juventude cristã tem uma fonte a mais para firmar a sua identidade. A Bíblia é a referência onde poderemos encontrar nossa verdadeira identidade. E, referenciados nela, seguirmos em tudo conforme a vontade do Senhor para nossas vidas.

“Esta é a vontade de Deus para a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra; não no desejo da lascívia, como os gentios, que não conhecem a Deus;
E que, nesta matéria, ninguém oprima ou engane a seu irmão. O Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos.
Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santificação.” (1 Ts 4:3-7)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Onde Deus possa me ouvir

ESCAMAS NOS OLHOS

“Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.
Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24:13-16; 31-32)


O texto inicia narrando um fato acontecido no terceiro dia após a morte de Jesus. Dois discípulos, desanimados, porque pensavam que Jesus estava morto para sempre, resolveram seguir para uma cidade próxima. No caminho, Jesus, que havia ressuscitado e abandonado o túmulo, começou a andar com eles, mas eles estavam com os olhos “como que fechados”, de maneira que não o puderam conhecer.

Como estariam hoje nossos olhos? Será que abertos, saudáveis, disponíveis, para enxergar o Cristo que ressuscitou, uma única vez, e que desde então permanece vivo e poderoso para nos salvar? Ou estarão cobertos pela poluição dos tempos? Poluição visual, onde não selecionamos em que colocamos nossos olhos... onde permitimos passivamente, que nós e nossos filhos, sejamos alimentados com lixo, e nos contentamos com isso?

Será que nossos olhos estarão ocupados demais, buscando encontrar fora de nós o que somente poderemos encontrar dentro, num exame sincero da nossa existência?

Será que estarão perdidos no horizonte, contemplando ao longe uma possibilidade de um dia, quem sabe, tomarmos posse do rumo das nossas vidas e reconhecermos as escolhas que fazemos?

A mensagem desse texto nos remete a uma condição de cegueira espiritual. Aqueles discípulos, embora andassem com Jesus, não o puderam conhecer. Sua fé não alcançava a verdadeira dimensão da vinda de Cristo a esse mundo. Porém, quando Jesus partiu o pão, lembraram-se da ceia que Ele instituiu como memorial, e puderam reconhecê-lo.

Voltando então esses discípulos, juntaram-se ao grupo dos outros, e Jesus novamente se apresentou. E, novamente, o grupo de discípulos não pôde prontamente reconhece-lo. Custava-lhes crer que as profecias, tudo o que antes fora escrito sobre Ele, e também tudo o que Ele mesmo testemunhou a seu respeito, era verdadeiro.

Como estamos hoje? Passados já quase 2000 anos de uma história a partir da qual se conta o tempo, ainda não podemos reconhecer o Cristo.

Talvez estejamos distraídos demais, buscando conforto espiritual num cardápio tão variado como o que nos oferece o mundo moderno. Há revelações para todos os gostos, há mestres para todo tipo de discípulo, há caminhos espirituais para acolher toda e qualquer conduta.

Falar no Jesus Cristo bíblico é fora de moda, não combina com a Nova Era. Preferimos outros caminhos que parecem ser mais “up to date”, embora também muito antigos, mas que por alguma razão nos tempos atuais são sinônimo de sabedoria e status.

Há uma promessa acerca de Jesus: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele”.(Ap: 1:7)

Sim, Jesus Cristo voltará visível ao nosso meio. Será que poderemos reconhecê-lo? Como reconheceremos se verdadeiramente não o conhecemos, não andamos com ele?

Glorifico ao Senhor porque em tempo me incomodou, e colocou em meu coração uma pergunta muito séria: o que eu, que falava tanto em mestres, sabia sobre o verdadeiro Mestre? O que eu sabia sobre a cruz? Glórias ao Deus, pai de Jesus Cristo, que em tempo tirou as escamas dos meus olhos, e me fez ver, pelo seu Espírito, que não há outro caminho, não há outro mestre, não há possibilidade de vida eterna a não ser através de Jesus Cristo. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.(João 14:6)”.

Que o Espírito Santo de Deus, que nos convence do pecado, da justiça e do juízo, possa tocar nossos corações verdadeiramente, e retirar, pela misericórdia de Deus, toda escama de nossos olhos, toda sujeira de nossos ouvidos, toda a dureza dos nossos corações. Amém.

DERRAMANDO OS SONHOS NO ALTAR DE DEUS

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”( Jo 15. vs 7)

“Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca.
Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos.
Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.” (Pv 16. 1-3)


Quanto aos nossos sonhos, precisamos passá-los pelo crivo do olhar de Deus. Se Ele reina em nós, nossos sonhos precisam ser submetidos ao senhorio dEle, como todas as outras áreas da nossa vida, ou corremos o sério risco de assumirmos a direção, e então não será mais Ele quem reina, pois o trono do nosso coração não pode ser dividido entre dois senhores.

É lícito sonhar? Toda a criação, a terra, os céus e todo o universo, cada ser vivente teve sua origem no coração de Deus. O Senhor Deus nos dotou com um coração cheio da capacidade de sonhar... Nos criou com faculdades maravilhosas, com curiosidade, com imaginação, e por causa do dom que Ele colocou em nós é que podemos fechar os nossos olhos e ..... sonhar.......

Porém, a Bíblia afirma em Jeremias, cap. 17, vs 9-10...

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?
Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos, e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”


Por isso, podemos dizer que é lícito sonhar, pois foi Deus quem nos dotou dessa capacidade, mas nossos sonhos precisam ser confrontados com a Palavra de Deus e aquilo que vem do coração Dele para nós. Só o Senhor tem condições, como Pai onisciente, de saber se o que sonhamos está de acordo com a vontade dEle para nós. E a vontade dEle é sempre boa, perfeita e agradável.

Precisamos permitir que o Senhor prove nossos corações. Precisamos nos desprender dos sonhos que acalentamos, ao ponto de deixar que eles passem pelo crivo de Deus. Se forem sonhos que fazem parte dos planos de Deus para nós, certamente serão concretizados. Se não forem, é melhor para nós que sejam abandonados, pois pode ser que o Senhor permita sua concretização, mas estaremos na contra-mão da vontade Dele para nós.

Nascemos e crescemos numa sociedade hedonista, onde aprendemos desde muito cedo a “gritar”, “chorar”, “importunar” em favor daquilo que desejamos. Quando temos crianças pequenas, vemos que inúmeras vezes aquilo que elas desejam fervorosamente provavelmente não trará benefícios, e é nosso dever fazer uma triagem do que nos pedem, verificando se é algo que fará bem ou mal, pois mais do que elas temos condições de avaliar.

Assim é em relação a nós e nosso Pai Celestial. Ele sabe o que é bom para os seus filhos. Ele tem a visão do todo. Ele tem a vontade perfeita para nós. Então, deixemos de lado a rebeldia insistente, e submetamos nossos desejos à Ele. Pode ser que nem todos sejam realizados, mas se procedermos assim, podemos ter a certeza de que o resultado dos projetos aprovados será sempre excelente, pois terào sido dirigidos pela sabedoria mais que excelente de Deus.

O pior dos pecadores

“O Pior dos Pecadores”

1 Tm 1:15

Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.

1 Tm 1:12-13

E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus, Senhor Nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério,
A mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor, mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.


Deus em seu amor infinito por nós, preparou a salvação em Jesus, e a santificação em Seu Espírito Santo. Preparou também pra cada uma de nós um lugar no Seu corpo, que é a Igreja, onde, usando dos talentos que Ele nos deu, somos chamados a servir.

Somos colocados em diversas posições no corpo de Cristo, e muitas vezes em posição de liderança. Mas Paulo nos adverte, através destes versículos, que se somos alçados a algum destaque, não é por nosso merecimento, mas porque APESAR do que somos o Senhor nos quer servindo ali. E muitas vezes somos chamados a servir justamente naquelas posições onde se encontram os maiores desafios para nosso crescimento em Cristo, onde seremos confrontadas com nossas limitações e pecados.

Para que, em nossas vidas, Jesus seja Rei é necessário que sejamos súditos. Nossos egos precisam diminuir, encolher, até o ponto em que desapareçam e todos possam ver em nós somente a luz que é Cristo. Isso só se pode dar através de obediência e submissão à Ele.

É o Senhor quem nos designa (indica) para o ministério. E lembra-nos que o ministério é um lugar de serviço, e não um lugar onde se toma as honras para si. Todas as honras e todas as glórias que possamos receber por um trabalho bem feito necessitam ser, sinceramente, devolvidas para Deus.


Fp 4:13

Posso todas as coisas naquele que me fortalece.


Nossa força provém de Deus. Nossos dons provêm de Deus. Nossa capacidade de amar e perdoar provém de Deus. É Ele quem pode nos dar a condição de suportarmos tantos percalços aos quais somos submetidos quando O servimos. Se nosso serviço não estiver todo o tempo calcado nEle, provavelmente nos cansaremos e esgotaremos. É Ele quem nos aprova, em todas as coisas.

1 Tm 1:16

Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nEle para a vida eterna.


O motivo de nossa salvação é o amor de Deus. A finalidade de nossa salvação é servi-lo. Os planos Dele realizados em nós devem ser a nossa razão de existir após o novo nascimento.

Quando Jesus lavou os pés de seus discípulos antes da última ceia, o fez para nos lembrar e demonstrar que essa deverá ser sempre a nossa posição: servir uns aos outros, permitindo que Ele nos lave e nos prepare sempre.

Precisamos nos despojar de nós mesmos para que o Senhor dirija nossa vida. Precisamos abandonar a direção do barco e deixar que Ele assuma o comando. Pode ser que Ele nos surpreenda em nos colocar em lugares onde nunca sequer imaginávamos estar.

Lembrarmos exaustivamente de nossa condição de pecadores é algo que nos leva ao exercício de constante gratidão. Somos salvos, mas não por nossos méritos. Somos dotados de talentos e dons, não para nós mesmos, mas para sermos vaso onde o Senhor depositou o melhor azeite para servir ao restante do corpo.

Admitir nossa condição de pecadores, no entanto, não deve ser algo para se prestar à autodepreciação. A autodepreciação, tanto como a auto-exaltação, nos coloca no foco de nossa atenção, e isso é idolatria. Precisamos nos lembrar de nossa condição para exaltar ao Senhor que nos tira dela.

1 Tm: 1:17

“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo os sempre. Amém.!”

A LIÇÃO DE CRISTO SOBRE O SERVIR

ATENDENDO AO CHAMADO

O Senhor DEUS me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça como aqueles que aprendem.
O Senhor DEUS me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde; não me retiro para trás.”
Is 50:4-5


“Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de Israel, à alma desprezada, ao que as nações abominam, ao servo dos que dominam: Os reis o verão e o levantarão; os príncipes diante de ti se inclinarão, por amor do SENHOR, que é fiel, e do Santo de Israel que te escolheu.
Diz ainda o SENHOR: No tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação; guardar-te-ei e te farei mediador da aliança do povo, para restaurares a terra e lhe repartires as herdades assoladas;
Para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei. Eles pastarão nos caminhos e, em todos os lugares altos, terão o seu pasto. Nunca terão fome nem sede, nem a calma nem o sol os afligirão, porque o que se compadece deles os guiará e os levará mansamente aos mananciais das águas.”
Is 49: 7-11


“Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.”
Is 53: 11


“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo nome, para que ao nome de JESUS se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que JESUS CRISTO é O SENHOR, para glória de Deus Pai.”
Filipenses: 6-11


Verbo – luz dos homens - alma desprezada – servo – mediador da aliança – o mais rejeitado entre os homens – homem de dores – o Justo – Jesus Cristo - Senhor.

O livro do profeta Isaias foi escrito no período entre 700 a 681 a . C. Este livro fala de arrependimento, conversão, e da vinda do Messias Salvador e Redentor do povo de Deus. Isaias descreve o Messias como Servo e como soberano Senhor.

E Jesus o foi verdadeiramente. O próprio Jesus declarou: “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. (Marcos:10:45).
Foi este o grande e sublime serviço que Cristo nos prestou: saiu da sua condição gloriosa, aceitou nascer como humano, limitado pelo corpo físico, sujeito às mesmas emoções e necessidades que todos temos, vivendo em tudo como nós, exceto no pecado, para nos resgatar do castigo que estava previsto para nós, em virtude da entrada do pecado no mundo, pelas mãos de Satanás, castigo terrível de estarmos apartados da presença de Deus por toda a eternidade.

Jesus nos serviu até a ultima gota de sangue, até a última conseqüência, fazendo a vontade do Pai que por seus desígnios assim estabeleceu, que este seria o único resgate aceito por ele para nos salvar.

Não nos cabe transigir sobre a justiça de Deus. Pode nos parecer injusto este preço, de que o Jesus, o Santo, tenha sido sacrificado por todos os pecados do mundo. Mas verdadeiramente injusto é que nós, uma vez conhecendo tudo isso, sabendo o que foi realmente a vinda de Cristo ao mundo na pessoa de Jesus, as suas dores, o seu sofrimento supremo na cruz do calvário, onde quando ao assumir sobre si as nossas iniqüidades foi apartado da presença do Pai, com quem verdadeiramente era um, e depois a demonstração da sua glória com a ressurreição; injusto é que nós permaneçamos incrédulos, sem deixar-nos ser tocados pela imensa graça que nos foi oferecida, indiferentes ao chamado de Cristo para nós.

O que é esse “toque” de Cristo? A história de cada ser humano neste mundo é particular, embora no que se refere ao homem como espécie criada por Deus, em tudo sejamos iguais. Todos fomos criados para a comunhão com o Pai, todos pecamos, todos nos separamos d’Ele e todos necessitamos de redenção. Entretanto, no contexto da vida de cada pessoa o chamado acontece de uma maneira.

Nos dias atuais, é corrente dizermos que todos os caminhos são válidos, desde que levem a Deus. Porém, o caminho que Deus nos indica como verdadeiro, através da pessoa de Jesus Cristo, está descrito letra por letra, na sua Palavra, nas Escrituras que temos como fonte, como atalho, como poço onde podemos buscar a verdade. Se não nos baseamos na letra bíblica, o que estamos seguindo não é o caminho que Jesus Cristo indicou.

Na doutrina de Jesus Cristo não há ensinos ocultos. A palavra está aí, traduzida em muitas línguas, mas sempre mantido o verdadeiro sentido daquilo que nos foi deixado como caminho. A palavra é clara, sincera, impetuosa. A um só tempo amorosa e dura, ela nos coloca diante de nossa pequenez, de nossa natureza humana, mas nos leva também a re-conhecermos e re-encontrarmos o amor de Deus através da confirmação de suas promessas. Tudo o que Deus declarou, através dos profetas que designou antes da vinda de Cristo, foi a seu tempo consumado. A primeira vinda de Cristo foi testemunhada e descrita em 4 evangelhos, para que não houvesse dúvida acerca dos seus testemunhos. Ainda muitos acontecimentos do mundo contemporâneo e outros que ainda estão por vir estão registrados e descritos nas escrituras.

Jesus não foi um profeta. Jesus não foi mais um dentre os muitos mestres que o mundo nomeia em várias civilizações. Jesus é o Cristo, o filho do Deus Vivo, e ele reina sobre nós, e tem nas suas mãos todo poder para nos salvar, nos libertar. Ele pagou o resgate. Não há na história nenhum outro que tenha vindo nesta missão de resgatar-nos através do seu próprio sangue, e que fosse declarado pelo próprio Pai como seu verdadeiro filho:“E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Marcos:1:11).

Diante dessa realidade, como nos posicionamos?

Cristo nos chama a mudar de vida. Mudar de posição. Mudar de opinião. Mudar de conduta. Cristo nos constrange a mudar quando nos toca (“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que se um morreu por todos, logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” – 2 Cor: 5:14-15). Simplesmente não é possível que queiramos seguir a Cristo e manter intactos os nossos hábitos, prazeres, amizades, leituras, conversas, condutas. É preciso permitir que o Espírito Santo opere com liberdade em nossas vidas, é preciso convida-lo a entrar.

E não sejamos ingênuos. Em nenhum momento Ele afirmou que segui-lo seria fácil. Ao contrário, em inúmeras ocasiões Cristo mesmo aponta para o fato de que Ele, o Filho do Deus vivo, que estava com Deus desde o princípio e está assentado à sua direita, e tem poder para redimir e condenar, Ele foi aqui na terra o mais humilhado, para que fosse exaltado. Seu caminho é estreito e os caminhos do ego, dos prazeres, dos convites que o mundo faz são espaçosos.

Viver com Cristo nos coloca diante de uma dimensão nova: precisamos realmente modificar muitas coisas. Não podemos mais conviver com determinadas atitudes e comportamentos, muitos passam a ser insuportáveis. É também preciso estar preparado para perder amizades, para receber críticas, para ser questionado, confrontado, excluído.

Viver com Cristo nos coloca diante da dimensão do outro, nosso próximo. Quem é esse a quem devemos amar como a nós mesmos? Parece tão difícil! E sem que busquemos nos preencher não do nosso amor humano, mas do amor, da misericórdia de Jesus Cristo, é verdadeiramente impossível.

Amar, perdoar, dar a outra face. A mensagem de Cristo nos constrange porque o que exige de nós é que renunciemos ao orgulho, ao egoísmo, à preservação de nossos egos, para podermos encontrar o outro, nosso irmão, nosso próximo, coração com coração, tocando em feridas, renunciando a toda mesquinhez, abrindo mão da necessidade de sermos sempre aceitos e remunerados pela gratidão do outro. Jesus nos serviu até a última gota de sangue, e não recebeu gratidão dos homens. Mas foi exaltado pelo Pai, por ter cumprido seus desígnios.

Aquele que se permite tocar pelo amor de Cristo, e inicia sua jornada pelas águas do Espírito Santo, não está só. A escolha, esse acontecimento que passa a contar nossa vida como antes e depois de Cristo, sempre vem cumulada de bênçãos. O véu se rasga e o amor de Deus se derrama em cascata sobre nós. Abre nossos olhos e ouvidos, nos dá palavras para dizer, nos impele a buscar, e buscar e buscar e buscar... Suas fontes nunca findam, sua graça nunca cessa, suas águas jorram incessantemente. Precisamos sabedoria para enxergar bênção onde antes víamos maldição, para enxergar para além de cada particular circunstância, o poderio de Deus sendo exercido soberanamente sobre as nossas vidas.

Que o Senhor permita o fluir de sua graça sobre todos os que crêem; que nos dê ouvidos para ouvir, humildade para obedecer e coragem para cumprir aquilo que desde nossa geração está reservado para nós. Que o amor soberano de Jesus, Servo e Senhor, seja derramado sobre todos os homens, e que a Graça da Salvação, que está em crer no nome do Senhor Jesus, toque profundamente em cada coração. Amém.

SETEBOM - AULA - INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA - 30/08

SETEBOM – 2010/2
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
Prof: Maria Beatriz Versiani

A PRÉ HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

- No século XVII inaugura-se um modelo de pensamento que se propõe a pensar a subjetividade. A partir de Descartes, a representação passa a ser o lugar de morada da verdade. Platão é o inspirador desse pensamento, tendo o movimento platonista fundado o domínio da representação. A questão em Platão é o estabelecimento do dominio da verdade, da constituição da ciência. A realidade somente pode ser descrita através da sua representação simbólica
- Descartes formula o cogito: Penso, logo existo. O pensamento cartesiano nos coloca perante a hegemonia da consciência, ou seja, a consciência é o lugar da verdade.
- O pensamento do final do século XIX se contrapõe “cogito” cartesiano, e Freud através da sua psicanálise produz uma derrubada da razão e da consciência do lugar “sagrado” onde se encontravam. Freud coloca a consciência num lugar de dúvida, de ocultamento da verdade.
- O começo da psicanálise é a produção do conceito de inconsciente, que resultou numa clivagem (divisão) da subjetividade . A partir da psicanálise, a subjetividade deixou de ser pensada como um todo identificado com a consciência, para ser dividida entre dois grandes sistemas: consciente e inconsciente. Lacan, relendo Freud, formula: Penso onde não sou, portanto sou onde não me penso. Há algo da subjetividade que escapa ao nível consciente, e esta é a base da teoria formulada por Freud. O sujeito do enunciado (aquele que faz uso da palavra e diz: eu sou, eu penso), não é aquele que nos revela o sujeito da enunciação (aquele que se situa numa porção inconsciente e que se revela fora do discurso formal). A psicanálise inaugura a formulação do homem visto como um sujeito fendido, dividido. A subjetividade deste homem estaria dominada por uma luta interna entre essas duas realidades.

“O que faço não o entendo. Pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço, isso faço. Acho então essa lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Pois Segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus, mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.’ (Bíblia de Referência Thompsom, Rm 5:15;21-23)

Será que podemos reconhecer esse sujeito dividido no dizer de Paulo em sua carta aos Romanos? Um sujeito que não é senhor de seus próprios atos, pois há uma realidade que escapa ao domínio da sua vontade consciente. Para o saber psicanalítico, esta é a condição de todo ser humano.

O sujeito do enunciado não é aquele que nos revela o sujeito da enunciação, mas aquele que produz o desconhecimento deste ultimo. Dito de outra maneira: o cogito não é o lugar da verdade do sujeito mas o lugar do seu desconhecimento. (GARCIA-ROZA, 1987, p.23)

- Conforme Garzia-Roza, o século XVII foi o momento de emergência da loucura, que até então não existia como o reconhecimento de uma doença, mas apenas como diferença (FOUCAULT. M, 1978). O louco ocupava um lugar de diferente assim como o alcoolatra, o leproso, o deliquente, o sifilítico.

“Também o leproso, em quem está a praga, andará com as vestes rasgadas, a cabeça descoberta e os cabelos soltos, mas cobrirá o bigode e gritará: Imundo!Imundo! Será imundo todos os dias em que a praga estiver nele. É imundo e habitará só; a sua habitação será fora do arraial. “(Bíblia de Referência Thompsom, 2007. Lv 13:45-46)

- A instituição do saber psiquiatrico implicou na apresentação do louco como “perigoso” para a sociedade e da consequente atribuição de poder à figura do psiquiatra, que deveria manter sob controle essa ameaça.
- Os métodos da psiquiatria para a sondagem da loucura esbarravam no sentido de encontrar critérios seguros para se distinguir a loucura da simulação.
- A hipnose surge neste contexto, que ainda buscava um respaldo na anatomia (a ocorrencia de lesões anatomicas) que pudesse justificar os sintomas encontrados pelos psiquiatras.
- Charcot, psiquiatra que influenciou Freud em seus primeiros estudos sobre a histeria, a introduziu no campo das perturbações fisiológicas do sistema nervosa, e tentou simular estas alterações através da hipnose.
- A função da hipnose era de remeter o paciente ao seu passado de modo que ele encontrasse o fato traumatico que dera origem ao sintoma. As narrativas das pacientes histéricas sob hipnose traziam sistematicamente histórias de cunho sexual. Esse foi o ponto de partida para a investigação de Freud.
FORMULAÇÕES TEÓRICAS:
- Em A Interpretação dos Sonhos (1899), Freud parte da afirmação de que os sonhos possuem sentido, e de que são realizações de desejos. Sobre o sonho incidiria uma censura cujo efeito é uma “deformação onírica”, tornando seu conteúdo, quando lembrado pelo sujeito consciente, absurdo e carecendo de ser decifrado. O sonho manifesto, assim como os sintomas, são o efeito de uma distorção cuja causa é a censura.
- São características do sonho:
o Condensação: o conteúdo manifesto do sonho é sempre menor que o conteúdo latente. Um elemento no sonho pode estar representando vários outros elementos. Por exemplo, o sujeito poderia sonhar com uma só pessoa que tivesse ao mesmo tempo os trejeitos de outra, o nome que lembraria outra ou outra situação, e assim por diante;
o Deslocamento: quando um elemento latente é substituído por outro mais remoto, que faça ao mesmo apenas uma alusão, fazendo assim um descentramento da importância;
o Figuração: mecanismo pelo qual os pensamentos no sonho podem aparecer sob a forma de imagem.
o Símbolo: (uso do simbólico)Simbolo designa sempre uma relação de representação. Signos podem ser distinguidos em :
 Índice: quando mantém uma relaçao direta com o objeto que representa: ex: a rua está molhada e isso é sinal de que choveu
 Ícone: quando sua relação com o objeto representado é de semelhança: ex: o retrato e o retratado
 Símbolo: quando a representação é aleatória e não natural, como no caso das palavras. Não somente a linguagem como a cultura na sua totalidade são consideradas formas simbólicas.
- Metapsicologia em Interpretação dos Sonhos: Os Sistemas Inconsciente, Pré-Consciente, Consciente:

Os lugares estabelecidos por Freud para estas três instâncias não são lugares físicos, que teriam correspondência anatômica.
O aparelho psíquico é formado por sistemas quem mantêm entre si uma relação dinâmica, onde nossa atividade psíquica inicia-se a partir de estímulos (internos ou externos) e termina numa descarga motora.

O inconsciente é um reservatório de conteúdos carregados de excitação que se dirigem ao sistema pré-consciente/consciente. Nesse caminho, esses conteudos sofrem censura e são modificados ligando-se a pensamentos pertencentes ao pré-consciente/consciente, desta forma alcançando alguma realização. A material prima dos sonhos são pensamentos.

Os desejos provenientes do sistema inconsciente encontram-se em permanente disposição para uma expressão consciente, no que são impedidos pela censura. Esta, no entanto, pode ser burlada na medida em que o desejo inconsciente transfira sua intensidade para um impulse do consciente cujo conteúdo ideativo funcione apenas como indicador do desejo original. (GARCIA-ROZA, 1987)


Os desejos do Inconsciente e do Pré-consciente/Consciente não são os mesmos e nunca estão de acordo. A luta entre essas instâncias produz ansiedade.

- O Desamparo e a Experiência de Satisfação:
O desamparo do bebê é utilizado por Freud para conceituar a experiência de satisfação. O impulso originado pela necessidade gera tensão para ser satisfeito. O choro é respondido com o fornecimento do alimento. A experiência de satisfação da necessidade é acompanhada de uma percepção, que será armazenada como traço de memória que permanece associado à satisfação. Quando surge o mesmo estado de tensão produzido pela mesma necessidade, surge um impulso psíquico que procurará reevocar (lembrar) a experiência de satisfação, mas que se mostrará ineficaz para satisfazer a necessidade. A criança fará uma representação alucinatória da experiência de satisfação.
Daí a necessidade do aparelho psíquico de criar uma barreira para inibir essa experiencia alucinatória, que será a responsável pela formação do Ego.
O acúmulo de energia no sistema Ics resulta em desprazer fazendo sempre uma pressão no sentido da realização motora dessa energia. Enquanto o Ics luta para grantir a descarga da excitação acumulada, o Pcs/Cs procura desviar a excitação do Ics, alterando seu conteúdo de maneira a possibilitar uma satisfação indireta e parcial porém tolerada por ele.
O recalcamento é uma operação feita pelo sistema Pcs/Cs que visa voltar com o material do inconsciente para o mesmo. O que ocorre, é que o material recalcado exerce uma atração constant esobre os conteúdos do Pcs/Cs, em relação aos quais ele possa estabelecer uma ligação e conseguir satisfação. Esse material recalcado voltará sob a forma de sintoma, de sonhos, atos falhos e chistes.
Por isso dizemos que o sintoma é uma metáfora, ou seja, um substituto do desejo inconsciente recalcado, que funciona como uma forma de falar, ainda que de maneira imperfeita, desse desejo.


BIBLIOGRAFIA
GARCIA-ROZA. L.A. Freud e o Inconsciente: Rio de Janeiro – Jorge Zahar Editor, 1987.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A ARCA DA ALIANÇA

Todos os caminhos do Senhor são amorosos e fiéis para aqueles que guardam a sua aliança e os seus testemunhos. (Sl 25:10)


“Também farão uma arca de madeira de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, a sua largura de um côvado e meio, e a sua altura de um côvado e meio.
Cobri-la-ás de ouro puro, por dentro e por fora, e farás sobre ela uma moldura de ouro a seu redor.
Fundirás para ela quatro argolas de ouro,e as porás nos seus quatro cantos, duas argolas de um lado e duas do outro.
Farás varais de madeira de acácia, e os cobrirás com ouro.
Meterás os varais nas argolas, aos lados da arca, para se levar por meio deles a arca.
Os varais permanecerão nas argolas da arca, não se tirarão dela.
Então porás na arca o testemunho, que eu te darei.” (Êxodo 25:10-16)


Após ter recebido os mandamentos de Deus no sopé do monte Sinai, Moisés subiu ao alto, e diz a Bíblia em Ex. 24:15-18 que a Glória do Senhor cobriu o monte com sua nuvem, e Moisés entrou na nuvem e permaneceu nela 40 dias e 40 noites. No alto do monte o Senhor deu a Moisés todas as instruções, detalhadas, acerca da construção do tabernáculo e dos seus objetos, começando pela arca da aliança. A arca foi o primeiro objeto a ser descrito, do que se pode depreender a sua importância para Deus. Ora, a arca era o lugar onde se guardaria as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Ex. 31:18). Além disso, também guardaria um vaso de ouro, que continha o maná, símbolo da provisão de Deus no deserto, e figura do pão da vida, Jesus Cristo, e a vara de Arão, figura da autoridade sacerdotal de Jesus.

Havia instruções específicas para o transporte da arca, que deveria ser levada somente pelos levitas, que o Senhor havia escolhido. No capítulo 13 de 1 Crônicas a Bíblia nos descreve como Uzá morreu perante Deus por ter estendido a mão à arca, fazendo-a transportar em um carro de bois.

Em todas essas passagens fica evidente o zelo com que Deus tratava aquela arca.

Qual seria o sentido da Arca da Aliança para nós, cristãos, em 2010? Sabemos que em Jesus uma nova aliança foi feita, e a lei que antes estava escrita em tábuas, passou, por Jesus, a ser inscrita no nosso coração, ou seja, no coração daqueles que creram e se dispuseram a fazer aliança com o Senhor.
“Esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor. Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Hebreus 8:10)

Podemos dizer que, pela Nova Aliança, em Jesus, fomos tornados a arca, o receptáculo do testemunho do Senhor. Fomos tornados a tábua viva da aliança feita por Deus com os homens através de Jesus.


“Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?
Se alguém ferir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.” (1 Co 3:16-17)

A Palavra de Deus nos diz que somos santuário de Deus. A Palavra nos diz que o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens (Atos 7:48). Deus mesmo forjou para si o templo vivo que somos nós. Com seu zelo e cuidados fomos planejados e gerados, numa riqueza de detalhes que somente poderia vir da mente de um Deus tão grandioso. E fomos gerados por Deus para adorá-lo, não apenas com nossas bocas, mas todo o tempo, em espírito e verdade.

Irmãos, somos habitação do Espírito de Deus. Eu sou habitação do Espírito de Deus. Você é habitação do Espírito de Deus. O seu filho é habitação do Espírito de Deus. O seu marido é habitação do Espírito de Deus. A sua esposa é habitação do Espírito de Deus. Temos dado a nós, arcas vivas, o zelo e o cuidado dignos deste Deus? Será que este Deus, que deu instruções tão detalhadas para a construção da arca que guardaria a primeira aliança, aceita menos zelo nos cuidados com a segunda? Com que cuidados temos tratado nossos irmãos, também habitações deste mesmo Espírito?

Nosso Deus é santo. Nosso Deus é misericordioso. Nosso Deus é amoroso. Nosso Deus é benigno. Precisamos clamar a Ele que nos dê condições de levar o Seu Espírito pelos quatro cantos do mundo com a dignidade que a tarefa nos impõe. Precisamos clamar a Ele, para que venha atuar naquilo em que faltamos, nas situações em que nossa carne tem falado mais alto. Sabemos que a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne. Somente o Espírito de Deus pode nos fortalecer para vencermos a nossa natureza tão fraca. Somos arca: feitos de material perecível, mas que revestidos pelo “ouro puro” que é o sangue de Jesus, que selou conosco a nova aliança, somos preparados para guardar Seu testemunho.

Após as instruções para construção da Arca da Aliança, o Senhor instruiu a respeito do tabernáculo, local onde a Arca ficaria abrigada. Nossos lares são hoje esse lugar, onde a Arca da Aliança está. E onde a Arca da Aliança se encontra também a Glória de Deus se manifesta. Nossos lares precisam ser local de proteção, de guarda, de reverência à Glória de Deus. Nossas ações mais naturais devem ser impregnadas da certeza da presença do Senhor. Ele verdadeiramente é Deus conosco, Emanuel, porque habita em nós. Precisamos nos lembrar que todo o tempo, onde estivermos, o Senhor está presente. E isto precisa fazer toda diferença nas nossas vidas.

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde, renovando conosco a cada manhã as suas misericórdias, e nos guardando de desprezarmos a santa, doce e amável presença Dele nos nossos corações.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Violencia em Família

A família foi criada para que a especie humana pudesse sobreviver e se perpetuar. Os pais, tal como em espécies irracionais, serviriam não apenas para gerar, mas também para prover as condições necessárias ao crescimento e desenvolvimento de suas crias, até que elas alcançassem autonomia.

Família deveria ser, por definição: lugar de aprendizado, lugar de proteção, lugar de provisão. Casa deveria ser sinonimo de ninho, aconchego, amor.

As estatísticas sobre violencia domestica no Brasil e no mundo são assustadoras. Se pensarmos a família como primeira instancia onde se plasma a identidade de um sujeito, onde ele apreende a realidade externa através da lente particular de seus pais e irmãos, podemos então concluir que a violencia que se expressa na sociedade como um todo certamente tem respaldo, e frequentemente, origem, na cena familiar.

Na família adquirimos o código da linguagem. Com ele, o código da conduta moral, do que "vale" e do que "não vale". No discurso silencioso do comportamento dos pais, aprendemos o que pode ser ou não aceitável no mundo lá fora.

Pensemos: qual a mensagem implícita quando em um momento de conflito entre uma mãe e uma criança de quatro anos o primeiro recurso do qual lançamos mão são algumas palmadas? A resposta é explícita: o território do dominador é marcado pela força física e pelo jugo de um dominado em posição inferior. Palmadas, no entanto, não vêm sozinhas. Costumam se acompanhar por gritos e xingamentos onde aquele que apanha recebe também toda a carga de frustração que naquele momento irrompe do discurso materno/paterno. Passado o momento da "loucura", vêm o choro, confusão, certo arrependimento. Mas a mensagem já foi impressa na mãe/pai, e no filho. No próximo conflito, talvez 5 palmadas não sejam mais suficientes. Na próxima desobediencia, quem sabe usarão o cinto? Ou talvez beliscões, sugigões, puxões de cabelo, torção do braço... ESPANCAMENTO?.

Há quem defenda que o ser humano possui uma tendencia inata à violencia. Talvez herança de comportamentos pré-históricos, onde era preciso força física para caçar a presa. O fato é que com a aquisição da linguagem e do código moral há condutas que precisam ser compreendidas internamente como inaceitáveis. No entanto, esse mesmo código moral, por vezes tão distorcido porque herança cultural, durante séculos vem fornecendo o respaldo para a violencia amordaçada que acontece dentro dos lares, em todo o mundo.

É função dos pais darem educação, direção e proteção. Corrigir um filho é protegê-lo, muitas vezes, dos perigos aos quais ele estará exposto no mundo. Mas a pergunta que formulo é: Quando a correção passa a ser valvula de escape? Quando a correção passa a ser fetiche? Quando a correção passa a ser manifestação de dominação perversa?

É preciso olhar para dentro de nossas casas, com sinceridade. Que tipo de código temos construído nos usos e idiossincrasias de nossas famílias? Que tipo de família temos sido em nossa interação com a sociedade? Que tipo de seres humanos temos lançado no mundo, e para que alvos os lançamos?

Que a violência tão banalizada em nossos dias, seja banida de nossos discursos e vidas, ainda em tempo.

"Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão.
Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade." (Salmos 127:4)

terça-feira, 20 de abril de 2010

O rico tolo

LUCAS 12: 15-34

A parábola do rico insensato

“Então lhes disse: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.
E propôs-lhes esta parábola: O campo de um homem rico produziu com abundância. Então ele pensava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher meus frutos.
E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.
Então direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos. Descansa, come, bebe e folga.
Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma. Então o que tens preparado para quem será?
Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
Disse Jesus a seus discípulos:
Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis.
Mais é a vida que o sustento, e o corpo mais do que as vestes...
...
Vendei o que tendes, e daí esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe, onde o ladrão não chega e a traça não consome.
Pois onde estiver o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração.”


Certa vez ouvi de uma grande pregadora: a Bíblia quer dizer o que ela diz. Não é preciso interpretar acrescentando palavras, pois Jesus Cristo foi claro em seus ensinos. Pois bem: quando Ele contou esta parábola aos seus discípulos, o que queria ensinar?

A estória trata de um fazendeiro, que com o seu trabalho ajuntou grandes riquezas. Tantas que já não poderiam se guardar nos celeiros que tinha, e ele pensava consigo mesmo em fazer celeiros maiores, para comportar os bens que havia acumulado. Deixando nossa imaginação correr, podemos ver esse homem assentado na varanda da fazenda, admirando suas plantações, mas preocupado em guardar seus lucros, em proteger seus ganhos. Talvez esse homem não tivesse ainda se tocado do quanto esta vida é efêmera, e do quanto o que se acumula aqui também o é.

Quantas famílias vemos onde os pais trabalharam duro, saíram de situações de vida muitas vezes precárias, suaram, construíram verdadeiros impérios, mas quando se vão os filhos não conseguem manter esses impérios nem por uma geração sequer. São muitos casos assim. Certo é que há também aqueles que aprendem a cuidar e a gerir bem a herança, e conseguem se manter por longos anos. Mas há tantos e tantos casos de brigas familiares, intrigas, discórdias, até mortes por causa de heranças.

O que Jesus queria ensinar? Durante todo o seu tempo como homem no mundo, Jesus ensinou que há um reino que não é desse mundo. Ele é o Senhor desse reino, que é o reino de Deus. Que esse reino não consiste em comida nem bebida, mas em comunhão com o Pai. Que nossas vidas são eternas, e podemos escolher entre viver eternamente com Deus ou sem Deus. Que o Pai é misericórdia e amor, mas é também justiça. E que haverá um dia em que daremos contas a Ele de tudo o que dissemos, tudo o que fizemos, todo bem e todo mal. Neste dia, aqueles que tiverem aceitado a dádiva da salvação através de Jesus Cristo, serão poupados e passarão à vida eterna com o Pai. Aqueles que o rejeitaram, não terão parte com ele, e a estes está destinado perecer eternamente com o Diabo e seus anjos.

“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com Ele, então se assentará no trono da sua glória. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele apartará uns dos outros, como o pastor aparta os bodes das ovelhas. Ele porá as ovelhas à sua direita, e os bodes à sua esquerda....
...Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: APARTAI-VOS DE MIM, MALDITOS, PARA O FOGO ETERNO, PREPARADO PARA O DIABO E SEUS ANJOS.” (Mateus 25:31-41)


Lenda? Certamente que não. Palavras duras demais? Muitos as consideraram assim, e por isso vem perecendo em morte eterna. Mas a verdade é que tudo isto está escrito, e como todas as profecias, também se cumprirá.

A Palavra de Deus nos diz que no dia em que o Senhor Jesus voltar a este mundo, em toda a sua glória, “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é o Senhor”, mas que nesse dia haverá choro e ranger de dentes para aqueles que O rejeitaram.
“E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo nome, para que AO NOME DE JESUS SE DOBRE TODO JOELHO DOS QUE ESTÃO NOS CÉUS, NA TERRA E DEBAIXO DA TERRA, E TODA LÍNGUA CONFESSE QUE CRISTO JESUS É O SENHOR, PARA GLÓRIA DE DEUS PAI.” (Filipenses 2:8-11)

Voltando à estória do fazendeiro: aquele homem não gastava seu tempo com o reino de Deus. Ele vivia como se pudesse passar a eternidade usufruindo dos bens que conseguira acumular. Não há nenhum problema em ser abençoado por Deus com bens materiais, trabalhando honestamente. Mas Jesus nos alerta, através dessa estória, sobre o grande problema de colocarmos o nosso coração nas coisas deste mundo, e nos esquecermos de que estamos aqui de passagem, e por pouco tempo. Ainda que vivamos 100 anos, é pouco tempo diante da eternidade. Quando nos formos daqui, nada levaremos. Apenas a nossa aliança com o Senhor, se a tivermos feito em vida, ou a nossa separação eterna Dele.

A Bíblia é clara em afirmar: “ aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo.” (Hebreus 9:27).

Portanto, a doutrina da reencarnação, de acordo com a Bíblia, é mentirosa. Na verdade, serve para nos distrair da necessidade de tomarmos as decisões certas no tempo certo. Quando satanás engana dizendo que podemos vir muitas vezes a este mundo, ele leva o homem a adiar a decisão mais importante da sua vida para um tempo que não existirá depois.

Aquele homem não considerou que importa mais ajuntar tesouros no reino de Deus. E então, quando o dia de sua morte chegou, ele já não podia mais buscá-lo.

Essa é a mensagem, essa é a Palavra: “BUSCAI ANTES O REINO DE DEUS, E TODAS ESSAS COISAS VOS SERÃO ACRESCENTADAS” (Lucas 12:31).

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Pão e os Peixes

Não é o cálice de bênção, que abençoamos, a comunhão do sangue de Cristo? E não é o pão que partimos a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, pois todos participamos do mesmo pão. (1 Co 10: 16-17)
Em um documentário sobre animais marinhos observei a incrível formação de cardumes de pequenos peixes. Ao serem vistos de longe, assemelham-se a um grande peixe, e com isso conseguem despistar alguns predadores. O documentário afirmava que o indivíduo que se afasta do cardume terá pouca chance de sobreviver.
Insiste em minha mente a idéia de corpo. O cardume que se assemelha a um só corpo, mas que na verdade é feito de vários corpos. O corpo coletivo que garante proteção aos indivíduos reunidos.
Penso no corpo de Jesus Cristo. Esse corpo que para cumprir seu chamado aceita esfacelar-se, derramar-se, dizimar-se. “ O seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão” (Lc 22:44). Sangue derramado e Pão da Vida. Corpo partido para a salvação de todos os que dEle se alimentam. Sangue pelo qual indivíduos são remidos.
Penso no corpo de Cristo. Igreja reunida, noiva que se cola ao seu Senhor: “Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? ... ali esteve com dores aquela que te deu à luz” (Cântico dos Cânticos: 7:5). Igreja é corpo nascido com dores, e dores de cruz. Corpo instituído pela morte e remido pela ressurreição do seu Senhor. Corpo cardume, que desfaz o indivíduo em massa sinuosa cruzando unida os violentos mares. Corpo que chora os que se perdem, porque serão devorados.
O Pão e os Peixes. Símbolos de Cristo e sua Igreja. Pão que se multiplica, se reparte, sobra, divide, subtrai e torna a somar. Pão que se dá a comer, alimenta peixes para a vida eterna. Peixes que se protegem na companhia de seus pares e ganham a estatura do seu Senhor.
Seja sempre a nossa páscoa. Plena do Pão da Vida, Palavra Viva, Verbo Encarnado e protegida pelo Amor, que nos une em cardume, e para si nos guarda.

“Põe-me como um selo sobre o teu coração, como selo em teu braço, porque o amor é forte como a morte... As muitas águas não poderiam apagar este amor, nem os rios afogá-lo. ...” (O Cântico dos Cânticos: 7:6-7)

domingo, 21 de março de 2010

Caça às bruxas

Aqueles escritos queimei!
Ah, me doía o coração reler...
Até o estômago.
Eram tão viscerais as letras,
falavam de mim por dentro.
Queimá-las assim uma a uma
lembrou-me a inquisição.
Foi fumaça e fogo consumindo
Lentamente
Até o último fio.

domingo, 14 de março de 2010

PORNOGRAFIA - UM LAMENTO

Mais uma vez, a pornografia. Mais uma vez, o sexo fácil, descompromissado. Mais uma vez, fotografias de mulheres em posições e situações as mais variadas. Para que? Para onde? O que seria satisfatório no ato?


A promessa é de muito, muito prazer. A promessa é de prazer sem limites, porque não tem lastro no real. A promessa é de descomprometimento total, porque é solitário, sigiloso, silencioso. Qual será o prazer em compartilhar, via net, fotografias pornográficas? Qual o lugar da vida real?


Aos homens e mulheres, gostaria de perguntar: e se fossem as suas filhas, expostas ao prazer masturbatório de pessoas de todo tipo, para serem violadas em sua intimidade, de todas as formas. Qual seria o seu prazer?


Preciso denunciar, não posso me calar mais. Vejo famílias sendo destruídas. Vejo um movimento assustador devorando pelas beiradas a possibilidade de vida feliz de tantas famílias. Vejo mulheres desesperadas, lutando por seus maridos, tentando construir uma vida a dois, sem saber que na verdade ali, onde deveriam haver dois, existem 3, 4, quem saberá? São falanges virtuais.


Meu coração hoje está consternado. Constrangido. Violado.


A violação dos corpos que foram planejados pra abrigar um Espírito, pra ser veículos de expressão desse Espírito no mundo, que foram feitos fontes de prazer amoroso entre os que se amam e constroem uma vida juntos me entristece.


Tenho muita pena da imensa solidão do ser humano. Das mulheres e homens das fotos, das mulheres e homens que gastam o tempo precioso e limitado que têm nesse mundo alimentando esse circo de horrores. Tenho muita pena das mulheres que se oferecem, sem ou com remuneração, ao sexo rápido e fácil. Tenho muita pena das mulheres que amam seus maridos e os vêem trocar no mundo virtual o prazer que deveria ser compartilhado entre dois.


O mundo se diverte! Enquanto isso, muitas crianças são violentadas dentro de suas casas por seus pais, seus tios, seus padrastos. Enquanto isso, muitas meninas em todo o mundo são vendidas pelos pais e mães para acolherem o prazer de homens que se divertem com elas. Enquanto isso, muitos morrem de Aids. Enquanto isso, muitos clamam desesperadamente para que a minoria que tem acesso à informação, à internet, aos computadores, olhe para esse mundo miserável e faça alguma coisa.


Infelizmente, grande parte da humanidade prefere se "divertir" um pouco mais na disney perversa da pornografia.


Tiro os olhos desse mundo, e busco o olhar do meu Deus. Clamo que tenha misericórdia de nós, seres humanos. Que toque os corações, que retire as escamas dos olhos, que nos dê a chance de um coração regenerado, para que possa valer a pena o presente sagrado da vida que nos foi dada viver.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Sobre o Amor

Engraçada essa coisa do amor... a gente ama as pessoas, a vida anda, o amor fica guardadinho em algum lugar do nosso coração. De vez em quando a gente se lembra, e guarda de novo. Mas, hora dessas, o amor aparece inteirinho, de tamanho e intensidade! E então a gente sabe que o amor não se desgasta, não se desfaz, não se corrompe.
A dor sim. A dor doída de um tempo, depois é poeira e vento. Por isso, para a dor: AMOR.
Junto com o tempo, que combate perdas, lutos, e lamentos, o Amor é o remédio para todo mal de alma. Experimente buscar, nos autos de sua memória, cenas do amor vivido. O coração palpitando ou o olhar de aconchego. Amor de mãe, amor de amigo, amor de chamego. Toda memória de amor valha-nos nessa hora. Seja a tinta e a pena, pra escrever outra história.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Nada se Perderá

E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. (Jo 6:12)

Esse fragmento do Evangelho de Jesus Cristo segundo João faz referência ao grande milagre da multiplicação dos Pães e dos Peixes, onde Jesus, a partir do pouco que um garoto possuía – cinco pães e dois peixinhos – alimentou uma multidão de seguidores.

Esta passagem nos lembra o quanto é importante dispormos para Deus do que temos, ainda que aos nossos olhos seja muito pouco, pois Ele em seu poder se encarregará de multiplicar e tornar abundante.

Há, no entanto, neste versículo 12, uma particularidade que de maneira especial tocou meu coração. Neste versículo, o Senhor Jesus, dono de todo poder, dá uma ordem: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.”
É uma ordem que nos diz da economia de Deus. Na matemática divina, nada, absolutamente nada se perderá, porque Ele é Aquele capaz de transformar cinco pães e dois peixinhos em alimento suficiente para alimentar uma multidão; Ele é aquele capaz de encher odres com água e transformá-la no mais precioso vinho; Ele é aquele capaz de suscitar das rochas a água, de enviar fogo dos céus, de perdoar multidão de pecados.

Aos pecadores, o Senhor perdoa e ordena: vá e não peques mais. No entanto, a história vivida por cada pecador, poderá ser transformada de tal maneira pelo Senhor, pois Ele é o oleiro que faz do barro quebrado um vaso novo.
Transporto-me para o processo de reciclagem do vidro: os cacos de vidro encontrados nas lixeiras são recolhidos, triturados, passam por processos de lavagem para que todo material que não seja vidro e esteja aderido ao mesmo seja retirado, e finalmente são levados aos fornos de temperaturas elevadíssimas, onde se transformam numa massa informe incandescente. A fabricação artesanal do vidro se dá através do sopro que o artesão imprime sobre esta massa, formando as mais lindas formas e cores. Quanto mais coloridos os pedaços de vidro para reciclagem, mais lindas e coloridas serão as peças resultantes desse processo.

Quando ouço, em João 6:12, a ordem do Senhor: ”Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca”, penso nas inúmeras vezes em que, na minha vida, olhei em volta e tudo o que vi foram cacos. Quantas e quantas vezes meu coração esteve quebrado, desfeito pelas decepções, tristezas, frustrações com o outro, comigo mesma. Quantas pessoas tenho visto, nas conversações terapêuticas, completamente esfaceladas, aparentemente destruídas.

Mas o Senhor nos ordena recolher todos os pedaços que sobraram. Pelas Suas mãos estes cacos não serão colados grosseiramente, mas serão inteiramente transformados em matéria nova. Ele poderá nos triturar, nos colocar em altos fornos, mas descansemos em saber que resultaremos únicos e originais, antigos cacos que agora refeitos receberão da boca do Criador o sopro vivificante do Seu Espírito.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O SONHO DO SAPO BOI QUE COMEU O ESCORPIAO

Nesta noite acordei assustada! Sonhei que limpava um velho oratório de minha mãe, quando dele saiu um escorpião muito grande! Ele andava por cima de uma mesa, quando, de repente, voou! Que loucura, um escorpião já é bicho peçonhento, um escorpião que voa é absolutamente incontrolável! Nos porões da minha mente, velho oratório, tem de tudo: pequenas baratas, aranhas, escorpião que voa!
Em pânico olhava pr´aquela cena quando o escorpião pousou e veio andando em minha direção!

De perto da minha sombra, saiu então um sapo boi obeso, muito grande mesmo, com uma pele verde escuro, manchas marrons e aquela aparencia viscosa característica dos anfíbios... Em marcha lenta, foi se aproximando do escorpião... O peçonhento veio com seu rabo venenoso em posição de bote! Mas qual não foi a surpresa quando o sapo abriu sua bocarra e NHACT! Engoliu o escorpião de uma vez!
Ah, que delícia! A vingança do sapo!
Acordei com o coração batendo forte... Abri a janela e pude ver o sol que ameaçava nascer enquanto as estrelas ainda brilhavam no céu azul escuro... A constelação de escorpião e sua cauda brilhante...

Então entendi: em boca de sapo, escorpião não ri! Dentro de mim mora um sapo obeso que ainda que lento é capaz de engolir inteiros os escorpiões gigantes que não me deixam dormir!

Numa livraria, ainda a descoberta: Uma estória de Rubem Alves, que transcrevo agora, que diz que em costas de sapo, escorpião não mora!

Um dia a floresta pegou fogo. E incêndio não tem medo de rabo de escorpião. Só havia um jeito de fugir da morte: era atravessando o rio, para o outro lado. Os bichos que sabiam nadar pulavam na água, levando seus amigos nas costas. Mas o escorpião nem tinha amigos, nem sabia nadar. E não havia ninguém que se arriscasse a oferecer-lhe carona.
O escorpião, então, valentia e coragem sumidas ante o fogo que se aproximava, foi forçado a se humilhar. Dirigiu-se com voz mansa à rã, que se preparava para a travessia.
-Por favor, me leve nas suas costas - ele disse.
-Eu não sou louca. Sei muito bem o que você faz a todos que se aproximam de você - replicou a rã.
-Mas, veja- argumentou o escorpião- eu não posso picá-la com o meu ferrão. Se o fizesse, você morreria, afundaria, e eu junto, pois não sei nadar.
A rã ponderou que o raciocínio estava certo. Podia ser que o escorpião fosse muito feroz, mas não podia ser burro. Todo mundo ama a vida. O escorpião não podia ser diferente. Ele não iria matar, sabendo que assim se mataria... E, como tinha bom coração, resolveu fazer esta boa ação. -Muito bem. -disse a rã ao escorpião. -Suba nas minhas costas. Vou salvar sua vida...
O escorpião se encheu de alegria, subiu nas costas lisas da rã e começaram a travessia.
Que coisa -ele pensou- é a primeira vez que me encosto em alguém de corpo inteiro. Antes era só o ferrão... E até que não é ruim. O corpo da rã é bem maciozinho...
Enquanto isso, a rã ia dando suas braçadas tranqüilas, nado de peito, deslizando sobre a superfície. -E como é gostoso navegar- continuou o escorpião , nos seus pensamentos. - estes borrifos de água , como são gostosos. É bom ter a rã como amiga...
Estavam bem no meio do rio. O escorpião olhou para trás e viu a floresta em chamas. -Se não fosse a rã, eu estaria morto neste momento. E um estranho sentimento, desconhecido, encheu seu coração: gratidão. Nem sempre veneno e ferrão são a melhor solução. A vida estava com a rã, macia e inofensiva que não inspirava medo em ninguém... Sentiu seu corpo descontrair-se. Achou que a vida era boa... Era bom poder baixar a guarda e descansar.
Voltou-se de novo para trás, para olhar a floresta incendiada. Mas, ao fazer isto, viu-se refletido, corpo inteiro, na água do rio que brilhava à luz do fogo. E o que viu o horrorizou: seu rabo, dantes ereto, agora dobrado, desarmado. Escorpião de rabo mole... Todos ririam dele. E sentiu um ódio profundo da rã.
-Espelho, espelho meu, existe bicho mais terrível que eu? A resposta estava naquele rabo mole, refletido no espelho da água. E a única culpada era a rã...
Sem um outro pensamento, enrijeceu o rabo e o enfiou nas costas da rã.
A rã morreu. E, com ela, o escorpião.

*O mundo precisa de mais rãs e menos escorpiões*"

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

AGRADECER

Gratidão: Reconhecimento por um bem que nos foi feito.


“Cheguemo-nos pois com confiança ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hb 4:16)

<>“Esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que lhe pedimos, sabemos que já alcançamos os pedidos que lhe fizemos.” (1 Jo: 5:14-15)


Quando somos pequenos, nossos pais nos ensinam as famosas palavrinhas “mágicas”: por favor, e obrigado. Aprendemos que são “mágicas” porque levam as pessoas a fazerem com alegria algo que precisamos.


O Senhor nosso Pai, em sua Palavra, também nos ensina sobre como devemos pedir, e sobre a necessidade de agradecer. Diz que devemos continuamente nos colocar diante Dele, com petições e ação de graças. Não porque Ele seja um ser orgulhoso, que aceita bajulações. Mas porque Ele sabe que agradecer é um exercício de dependência. É um exercício de reconhecimento de que não há em nós nada que pudesse merecer o seu favor, mas que tudo o que recebemos é porque Ele nos ama, e quer o melhor para nós.


Nosso Pai nos ensina a agradecer, porque Ele sabe que um coração cheio de gratidão estará também cheio de misericórdia e sensibilidade pelas necessidades do outro. Um coração grato nos prepara para cumprir a totalidade dos seus mandamentos, reunidos por Jesus em dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a mim mesmo.
Se nos achegamos a Deus reconhecendo que somente a Ele devemos gratidão pelo bem que nos tem feito, exercitamos o nosso amor. Se temos um coração verdadeiramente grato, nos tornamos fonte de águas para aquele que perto de nós tem sede. Cantarmos a benignidade do Senhor, louvarmos o Senhor no meio da congregação, anunciarmos as suas boas obras... Alegrarmo-nos com os que se alegram... E juntos atribuirmos a vida abundante que temos à infinita misericórdia do Nosso Senhor. Esta é a razão do nosso viver.


Um coração cheio de gratidão, nos leva à obediência. Não precisamos obedecer porque somos obrigados, mas porque amamos nosso Pai. Queremos obedecê-lo. Queremos com nosso desejo de obediência agradar a um Pai que move céus e terras para nos abençoar. Sejamos como terra bem adubada, onde as sementes são plantadas e regadas. Em gratidão, ela nos dá o seu fruto.


Sejamos então gratos, e de todos sejam conhecidos os motivos da nossa alegria. Ofereçamos a Deus os frutos da nossa gratidão, frutos de conversão verdadeira.

Possamos cantar como Maria, quando recebeu do Espírito Santo, através de sua prima Isabel, essas palavras: “Bem aventurada a que creu que se cumprirão as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas” (Lc 1:45) Bem aventurados somos nós, porque cremos que já tem se cumprido nas nossas vidas todas as coisas que desde o princípio nos foram anunciadas da parte do Senhor.


“ A nossa alma engrandece ao Senhor, e o nosso espírito se alegra em Deus nosso Salvador, pois olhou para a humildade dos seus servos.
Desde agora todas as gerações nos chamarão bem-aventurados, pois grandes coisas nos fez o Poderoso.
Santo é o seu nome. A sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.
Com o seu braço agiu valorosamente; dispersou os que no coração alimentavam pensamentos soberbos.
Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos.
Auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia
Para com Abraão e a sua descendência, para sempre.” (Lc 1:46 - adaptado)



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Deixando o Barco

“ Andando Jesus junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.Imediatamente eles deixaram as redes, e o seguiram.Indo um pouco mais longe, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Estavam num barco em companhia de seu pai Zebedeu, consertando as redes. Jesus os chamou, e eles, deixando o barco e seu pai, imediatamente o seguiram.” (Mt: 4:18-22)

DEIXANDO O BARCO
O que é o barco na vida de um pescador? Quase tudo. Numa comunidade fundada sobre o ofício da pesca, o barco significa a única chance de subsistência. Companheiro de noites e dias no mar, veículo para se obter o alimento, sobre o qual muitas horas são gastas, navegando e fazendo manutenção, construindo, melhorando. O amigo que aguarda, solitário, atracado, até o momento de partir novamente com seus pares, de ser conduzido ao trabalho.
A narrativa de Mateus nos conta que Jesus andava junto ao mar, quando viu dois irmãos trabalhando. Bastou um chamado do Mestre e eles imediatamente deixaram as redes, e O seguiram. Mais a frente, a cena se repete, agora com os filhos de Zebedeu, que consertavam as redes para a pesca. Ao chamado de Jesus, eles deixam imediatamente o barco e seu pai, e O seguem.
Posso imaginar Zebedeu. Um homem de meia idade, que contava com a força e juventude dos filhos para ajudá-lo no ofício. Filhos que desde bem pequenos deviam ter sido ensinados por ele a saírem com o barco, manejá-lo, a lançar redes, consertá-las, a amarem o barco e seu ofício. Imagino um Zebedeu atônito, sentindo-se abandonado, traído, preterido por alguém que eles nem sequer conheciam. Imagino Zebedeu com as redes nas mãos, chorando e lamentando a partida dos filhos queridos. “Como puderam abandonar-me?” “Logo agora, que estou velho e preciso deles?” “O que farei?” . Imagino o barco, agora vazio, atracado junto as margens do mar da Galiléia. O barco vazio, símbolo de uma vida deixada para trás. Com ele ficaram as estórias, os anseios da velha vida, o que restou dos pescadores de peixes.
Os pescadores, agora de homens, seguiam não mais os sinais das ondas, mas os passos do Mestre. Quando navegavam, emprestavam seus saberes ao capitão do barco, o Senhor Jesus. Não mais estavam ao sabor das águas, mas fluíam na direção das águas do Pai.
A cada homem ou mulher chamado por Jesus pertence um barco. Um universo tão conhecido, amado, construído de memórias e desejos, suor, risos e lágrimas. Amigos, familiares, carreiras, estudos, sonhos. O mesmo Jesus, andando pelo mundo através do Seu Espírito, nos viu junto ao mar e nos chamou: “Venham, venham após mim... venham ser engenheiros do reino, arquitetos de vidas, psicólogos, artesãos, pastores, lavradores, ceifeiros, ouvintes, médicos, professores, dentistas, artistas, cantores, ...,trabalhem, trabalhem para mim. Deixem os “barcos” que vocês conhecem tão bem, e sigam-me.
Ah! Que doce voz nos chama! E quão duro pode ser para nós esse chamado. Não, não fomos chamados para permanecermos no barco, fomos chamados para deixá-lo. No caminho convertido, pisando em terra firme, seguindo as pegadas de Jesus, choramos. Choramos a saudade daqueles que ficaram. Choramos a rejeição daqueles que nos amavam, mas agora, porque não podemos mais estar no barco, nos lançam pedras. Choramos quando vemos ao longe as velas dos barquinhos que se enfileiram no horizonte, alheios à nossa saudade. Choramos quando cheios de alegria queremos voltar contando que belas coisas temos aprendido, mas as portas que antes se abriam agora estão fechadas para nós.
Choramos, porque perdemos prestígio, posição. Choramos porque perdemos amigos. Choramos porque perdemos o aconchego daqueles que mais amamos. Choramos porque podemos ser destituídos de muitas coisas que cultivamos durante uma vida.
No caminho convertido, o “si mesmo” perde espaço para ganhar em pertencimento do Corpo. Enterramos lugares, músicas, pessoas, lembranças. Quando Jesus chama, não é possível trazer conosco toda a parafernalha do velho homem. Até porque, a passagem é estreita, e se trouxermos coisas desnecessárias não poderemos passar.
“ Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” diz o texto de Hebreus (Hb 4:7b). É possível ouvirmos a doce voz que nos chama, e não atendermos ao chamado. O jovem rico, diante do chamado de Jesus, entristeceu-se, e voltou para o seu mundo de coisas materiais. Seu velho e conhecido `barco`. Mas, para nós, que ouvimos e aceitamos segui-lo, é mister deixamos muito para trás.
Entendamos, no entanto, que ao deixar o barco, é preciso viver o luto. Pode ser que os apóstolos de Jesus, chamados à beira do mar da Galiléia, tenham chorado em algum momento. Isso não fez deles menos capacitados a se tornarem os homens em quem foram tornados. Chorar o que morreu, chorar o que enterramos, faz parte do processo de recomeçar. Chorar para então, ao haver rasgado nossas vestes e, derramado muitas lágrimas, levantarmo-nos, de vestes novas e ungidos com o Espírito, e caminharmos pelo mundo convidando outros como nós a deixarem os seus barcos pelo cais.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

PARA FAZER UM ANO NOVO

Acautelai-vos por vós mesmos, para que não aconteça que os vossos corações se sobrecarreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos pegue de surpresa, como uma armadilha..” (Lucas 21: 34)

A passagem do ano nos coloca simbolicamente diante da dimensão de um novo tempo, onde poderemos inaugurar uma nova forma de viver. Frente ao novo ano, corajosamente riscamos aquilo que não queremos mais em nossas vidas. Velhos hábitos, velhos medos, relacionamentos que não nos fazem bem.

Como diante de um caderno novo, escrevemos com letra caprichada os projetos para o ano que vai começar.

Se tivéssemos a real dimensão da provisoriedade da vida, e das coisas desse mundo, todos os dias seriam como 31 de dezembro. Se tomássemos a palavra de Jesus em Lucas 21 como realidade à qual não escaparemos, assumiríamos uma posição vigilante e alerta.

A Palavra de Deus nos chama: “Desperta, oh tu que dormes!” ( Ef 5: 14). Vivemos como se o Ano Aceitável do Senhor ainda fosse apenas uma promessa, de algo que virá quem sabe um dia...

Tomo então a liberdade de propor neste primeiro de janeiro um tempo realmente novo! Um tempo que para nós, cristãos, seja de revisão verdadeira daquilo que trazemos secretamente no nosso coração. Um tempo em que possamos nos despojar das cargas desnecessárias, e tomar sobre nós apenas o jugo daquele que nos chamou à Ele.

Em Mateus 15:19 podemos ouvir de Jesus: “Pois do coração procedem maus pensamentos, assassínio, adultério, prostituição, furto, falso testemunho, blasfêmia.”

Preocupamo-nos tanto em consertar o que é externo, gastamos tanta energia para manter as aparências, e nos esquecemos de que do nosso coração procedem as saídas da vida. Se nosso coração estiver sobrecarregado, a via por onde poderão jorrar águas vivas estará impedida. Cabe então perguntar:

DE QUE ESTÁ SOBRECARREGADO O MEU CORAÇÃO?

  • Os “cuidados da vida” tem tomado muito espaço em minha vida?
  • Quais são as raízes de amargura que tem brotado e tomado corpo como ervas daninhas em meu coração?
  • Em que “poltronas” confortáveis tenho me acomodado para dormir, quando o Senhor me chama para despertar? Aqui não falo de dormir no sentido concreto, mas refiro-me a um certo adiamento que nos permitimos quando se trata de promover mudança em nossa vida...
  • Quais os temores que tem me impedido de exercitar o projeto de Deus a meu respeito? Que tipo de vaidades estão por trás das minhas ações?
  • O quanto realmente tenho investido de mim no relacionamento com as pessoas que me foram confiadas para amar?
  • Quais são as minhas prioridades?
  • Como anda minha capacidade de perdoar a mediocridade que vejo no outro e em mim mesmo? O quanto tenho conseguido exercer daquilo em que creio?
  • Que tipo de couraça tenho vestido, para impedir que meu irmão verdadeiramente tenha comunhão comigo?
  • E, finalmente, o quanto estou disposto a ouvir o que Deus quer me dizer em 2010?

Que possamos fazer uma reflexão sincera e amorosa de nós mesmos nesta passagem de ano. E que nosso Deus que é Grande e Misericordioso, nos console em nossa fraqueza, e nos fortaleça em virtude e graça!

Que 2010 seja um ano de sinceridade, e de um novo coração, para todos nós.