Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O TEMPO DE CHORAR




Como povo de Deus, nós freqüentemente rejeitamos a idéia da tristeza. Como se sentir tristeza, ou fracasso, ou decepção, fosse pecado. Esquecemos que o Senhor Deus nos criou com esse mundo de sentimentos dentro de nós, e a vontade Dele é sempre Boa, Perfeita e Agradável.

Então, não há razão para rejeitarmos tanto o deserto.

No deserto aprendemos.

No deserto nos encontramos com aquilo que existe de melhor e de pior em nós.

No deserto somos igualados ao outro, que, não importa se mais rico ou mais pobre, quando no deserto está sujeito às mesmas condições de todos os outros.

No deserto, sobretudo, somos consolados.

Deus habitou com seu povo no deserto. A festa dos tabernáculos era para lembrar que Deus havia feito seu povo habitar em tendas, lugares provisórios como esta vida, mas que ali também Ele habitava com eles, no tabernáculo que mandou construir e sobre o qual a sua Glória se manifestava.

Deus habitou no deserto. Ensinou com isso, que no lugar de passagem Ele também estaria com seu povo. Assim como nesta vida – lugar de passagem - Ele é Emanuel, Deus conosco.

A vida nesse mundo é lugar de provação. Temos algumas vitórias, mas a maior delas é que um dia estaremos livres de toda dor e sofrimento.

Enquanto sofremos, podemos sim chorar. Podemos sim assumir que apesar de sermos usados por Deus, as nossas vidas não são perfeitas. Somos vasos imperfeitos usados por um Espírito Perfeito. E aí reside a Glória Dele.

Queridos irmãos, as dificuldades com filhos, com trabalho, nos relacionamentos conjugais, e também aquelas que temos conosco mesmos são inerentes à nossa passagem por aqui. Digo passagem, porque é provisória a nossa estadia. Um dia nos despediremos daqueles que amamos, da vida que construímos, e seremos transportados para uma outra realidade, que ainda não conhecemos.

O tempo de recolhimento da alma pode produzir crescimento. O bambu chinês passa cinco anos crescendo para dentro da terra até que desponte para a superfície. Podemos aprender com ele a crescer também, internamente. A terra úmida e escura faz crescer raízes fortes, que garantem a consistência da vida manifesta.

O tempo do silêncio comumente rejeitado pode nos levar a reconhecer e assumir nosso lugar no mundo, na família, na igreja, nesta vida.

Portanto, seja-nos permitido desfrutar também do tempo em que a alegria não é aparente, mas em que estamos sendo trabalhados por Deus para fortalecer nossas raízes e, então, florescermos e darmos bons frutos.

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. (Ec 3: 1-8)

sábado, 26 de novembro de 2011

Águas Vivas





Da minha janela vejo um lago. Não é grande, nem profundo. Suas águas são calmas e escuras. Algumas garças pousam por lá de vez em quando. Há também uma família de patinhos que o visita de tempos em tempos.

No último mês, o lago que avisto mudou. Foi infestado por uma planta daninha, comumente chamada de Água Pés. Toda a superfície da água foi coberta por essa planta aquática, que se reproduz com muita rapidez e é capaz de entupir corpos de água. Sua massa diminui a capacidade de oxigenação da água matando os outros seres que vivem nela.

Quando olho de minha janela, vejo agora uma paisagem semelhante a um campo gramado. Penso mesmo que um motorista desavisado corre o risco de seguir com o carro sem perceber que o tal gramado na verdade é um lago coberto. A fauna que habita o lago está morrendo. A cada manhã, parece ter aumentado a infestação de água pés.

A visão das águas infestadas por uma praga me lembra águas mortas, e, por oposição, águas vivas. Vou ao Evangelho:

No Evangelho de João, encontro-me com o Senhor Jesus vivendo o tempo da Festa dos Tabernáculos. Suas palavras e atos eram contestados por muitos, aceitos por outros, e causavam dúvida, temor e indignação. Falava-se Dele. Buscava-se evidências se Ele seria o messias ou apenas um profeta. E, diz a Bíblia, que no último dia da festa Ele se levantou:

E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.
João 7:37-38


A Festa dos Tabernáculos foi instituída por Deus para que o povo de Israel se lembrasse de que Deus os havia feito habitar e tendas, em sua passagem pelo deserto. No deserto, também o Senhor habitou com seu povo, no Tabernáculo que abrigava a Arca da Aliança, e onde eram oferecidos os sacrifícios a Ele. Era costume que nessa festa, no último dia, o sacerdote derramasse água no altar do Templo, simbolizando o derramar de águas da chuva que Deus enviaria para a próxima colheita.

Conta o evangelho que neste último dia da festa o Senhor Jesus se apresenta, de pé, como fonte de águas vivas.

Chegamos ao final de 2011. A festa do Natal se aproxima. Simboliza um derramar de amor, paz, reconciliação em todos os cantos da terra onde já se ouviu falar de Jesus. Muitos de nós, no entanto, nem se lembram mesmo o que se comemora. Festas são memoriais, e memoriais servem para nos lembrar de coisas importantes, significativas.
No Natal, a figura do “bom velhinho” e suas renas substituiu com muitas luzes piscantes a memória da vinda do Senhor para o nosso meio.

Assim como na Festa dos Tabernáculos a intenção era fazer lembrar ao povo que Deus habitou no meio dele, também no Natal é preciso lembrar. É preciso encontrar o sentido da festa que fazemos. E o sentido está em que Deus, que outrora habitou em um tabernáculo no deserto, veio ao mundo em carne e osso, e habitou entre nós. O sentido está em anunciá-lo como EMANUEL – DEUS CONOSCO.

A partir de Cristo, Deus não é mais alguém distante, cujo acesso estava restrito aos sacerdotes. A vinda de Jesus Cristo inaugurou a passagem para um relacionamento íntimo e próximo com Deus:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (João 1:1;14)

Deus veio até nós, e pela vida, morte e ressurreição de Jesus escreveu para nós sua mensagem de amor em letras garrafais:

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA E A TENHAM COM ABUNDÂNCIA. (Joao 10:10)

Dezembro chegou. A festa está prestes a começar. Talvez estejamos como o lago que vejo de minha janela: onde havia água boa, onde havia vida, a superfície está tomada por água pés. As águas se tornaram mal cheirosas e inúteis. Não há oxigênio e os peixes que outrora viviam ali estão morrendo. A água não dá seus frutos. Talvez estejamos como água morta.

Apesar de todo o barulho do “bom velhinho” e suas renas voadoras, a voz de Cristo se levanta, no meio da festa e anuncia: SE ALGUÉM TEM SEDE VENHA A MIM E BEBA!

Jesus Cristo é aquele que tem poder para renovar as águas, removendo toda a impureza que as cobrem. Ele é a fonte das águas. Ele é a razão da festa.

Aproveite a festa para beber Dele. Porque Ele diz:

Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.
João 4:14


E tenha um Natal cheio do amor e do renovo de Cristo em seu coração!