Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







sexta-feira, 29 de outubro de 2010

QUAL É O SEU TALENTO??

“Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir. Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se para longe”. (Mt 25:13-15)

Não gosto de ver TV. Penso que se aproveita muito pouco das numerosas horas de programação diárias veiculadas por diferentes emissoras. Mas, porque tenho uma filha que, como os de sua geração, já nasceu com TV em casa, na sala principal, algumas vezes abro mão de minhas rígidas convicções para passar um tempo com ela e entender um pouco do universo televisivo que chama a sua atenção.

Há um programa em especial que ela não gosta de perder, e ele se chama: QUAL É O SEU TALENTO?. Trata-se de um programa de calouros, onde muitos se acotovelam em busca de um lugar ao sol garantido pela exibição de seus 5 minutos de fama. Neste programa há um júri que julga os talentos e tem poder para dispensá-los ou fazê-los permanecerem na competição. Chamou-me mais atenção o nome do programa do que seu conteúdo, que algumas vezes sofre um veto de censura em minha casa (quando à competição se incorporam demonstrações de gosto duvidoso).

Mas o nome do dito programa levou-me a lembrar da parábola onde Jesus conta aos seus discípulos sobre talentos. Vejo-me, uma vez mais, por uma dessas razões que somente ao Espírito cabe discernir, levada por um programa de calouros na TV à reflexão sobre o sentido da minha existência.

De frente para o espelho imaginário que tenho em meu quarto quando fecho a porta, e de frente para o Deus real que, estou certa, está lá sempre que me proponho a buscá-lo, sou confrontada com a pergunta, em tempo real: “QUAL É O SEU TALENTO?”.
Do Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa extraio:

ta.len.to1
sm (lat talentu) 1 Antigo peso e moeda dos gregos e romanos. 2 Grande e brilhante inteligência. 3 Agudeza de espírito, disposição natural ou qualidade superior. 4 Espírito ilustrado e inteligente; grande capacidade. 5 Pessoa possuidora de inteligência invulgar. 6 Força física; vigor.


Em uma tabela de conversão de pesos e medidas encontro que 1 talento equivalia a 12.600 gramas de prata.

Na parábola contada por Jesus, ouvimos que um homem tinha 3 servos. Deixou com cada um deles uma quantia determinada de talentos, de acordo com sua capacidade, para que cuidassem durante sua ausência. Dois deles dobraram o que haviam recebido. Um deles, no entanto, temendo sobremaneira o seu senhor, enterrou a quantia que recebera, para não correr riscos.

O que dizer da aplicação dessa parábola em nossas vidas hoje?

A cada um de nós, conforme a justa medida do Senhor, foram entregues talentos. Agora entendidos como valor, não em moeda corrente, mas em capacitação: habilidades, dons, facilidades, oportunidades de estudo, oportunidades de trabalho, todo tipo de aprendizado e acesso a educação; capacidades diversas.

Convido o leitor a um passeio pelo quarto fechado, e a um encontro com o espelho imaginário e o Deus real, onde duas perguntas se impõem:

A primeira, a exemplo do programa de TV:

- Qual é o seu talento? Quais as habilidades que o Senhor Deus entregou em suas mãos?
Pode ser que ao deparar-se com o espelho você descubra que foi agraciado com o dom, por exemplo, de escrever. Ou costurar. Quem sabe bordar, planejar, comprar, vender, negociar. Talvez o seu dom seja ensinar. Ou então ouvir. Ou falar. Pode ser que você tenha sido capacitado a construir. Ou desfazer, desmanchar.
São tantas as capacidades do homem quanto abundantes são as necessidades da humanidade.

Diante do espelho, é preciso perguntar ainda:
- O que você tem feito dos talentos que o Senhor lhe confiou?

Caminhando pela Bíblia me encontro com uma mulher encantadora chamada Dorcas. Atos 9:39 nos conta que muitas viúvas choravam a morte desta mulher e mostravam a Pedro as túnicas que ela lhes havia feito, costurando. Dorcas marcou a comunidade em que vivia por saber qual era o seu talento, e por multiplicá-lo entre tesoura, tecidos, agulha e linha. Seu trabalho talvez não fosse o mais importante da região, mas com certeza era fundamental. Com seu trabalho ela garantiu vestes a viúvas que, sabemos, provavelmente encontravam-se em condições de grande necessidade.

Encontro, ainda, em Mateus 25, com o servo que gaguejou diante do seu senhor:

“Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”. Este homem foi chamado por seu senhor de servo mau e negligente.
A negligencia com os talentos que recebemos, ensina Jesus, será julgada pelo Senhor quando voltar.

Não acredito em uma divisão estabelecida por muitos: vida na igreja e vida secular. A vida é a vida, vivida todos os dias, não importa onde estejamos. A vida é o sopro do Espírito que foi dado por Deus, e que um dia, como um novo sopro numa vela, será por Ele tirada. Ao tempo em que vivemos, como uma vela, vamos desgastando nossa matéria. Desfazendo-nos pelos caminhos que percorremos.

Os dons e talentos que recebemos, tal como a dracma perdida, precisam ser buscados com diligência. A palavra nos diz que há tesouros escondidos e riquezas encobertas. Precisamos examinar nossa existência considerando que temos um tempo para servir.
“Neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta de outro, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade.” (2 Co 9:14)

Diversos dons, diversos talentos, mas o Espírito é o mesmo. Aquele que nos fez corpo, deseja que possamos, como no corpo vivo, trocar funções vitais.
Ai do coração se não fossem os pulmões, ai dos pulmões se não fossem as costelas, ai dos braços se não fosse o tronco. Somos órgãos vitais de um corpo vivo. Somos células, enzimas, linfa, sangue, pele, suor, estomago, mente, coração. É preciso servi-Lo em toda circunstância, em todo tempo, em todo lugar. Começar cada dia entendendo quais são os talentos que nos foram dados a multiplicar, e não temermos tanto que sejamos levados a fazer como os avestruzes, enterrando nossa cabeça no chão.

Viver, amar e trabalhar. Para Freud, pai da psicanálise moderna, capacidade de amar e trabalhar são os principais sinais de saúde emocional. Para Jesus, Pai de toda a sabedoria, estas são as condições para caminharmos com Ele.

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” 2 Coríntios 9:7