Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







terça-feira, 31 de agosto de 2010

Onde Deus possa me ouvir

ESCAMAS NOS OLHOS

“Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.
Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24:13-16; 31-32)


O texto inicia narrando um fato acontecido no terceiro dia após a morte de Jesus. Dois discípulos, desanimados, porque pensavam que Jesus estava morto para sempre, resolveram seguir para uma cidade próxima. No caminho, Jesus, que havia ressuscitado e abandonado o túmulo, começou a andar com eles, mas eles estavam com os olhos “como que fechados”, de maneira que não o puderam conhecer.

Como estariam hoje nossos olhos? Será que abertos, saudáveis, disponíveis, para enxergar o Cristo que ressuscitou, uma única vez, e que desde então permanece vivo e poderoso para nos salvar? Ou estarão cobertos pela poluição dos tempos? Poluição visual, onde não selecionamos em que colocamos nossos olhos... onde permitimos passivamente, que nós e nossos filhos, sejamos alimentados com lixo, e nos contentamos com isso?

Será que nossos olhos estarão ocupados demais, buscando encontrar fora de nós o que somente poderemos encontrar dentro, num exame sincero da nossa existência?

Será que estarão perdidos no horizonte, contemplando ao longe uma possibilidade de um dia, quem sabe, tomarmos posse do rumo das nossas vidas e reconhecermos as escolhas que fazemos?

A mensagem desse texto nos remete a uma condição de cegueira espiritual. Aqueles discípulos, embora andassem com Jesus, não o puderam conhecer. Sua fé não alcançava a verdadeira dimensão da vinda de Cristo a esse mundo. Porém, quando Jesus partiu o pão, lembraram-se da ceia que Ele instituiu como memorial, e puderam reconhecê-lo.

Voltando então esses discípulos, juntaram-se ao grupo dos outros, e Jesus novamente se apresentou. E, novamente, o grupo de discípulos não pôde prontamente reconhece-lo. Custava-lhes crer que as profecias, tudo o que antes fora escrito sobre Ele, e também tudo o que Ele mesmo testemunhou a seu respeito, era verdadeiro.

Como estamos hoje? Passados já quase 2000 anos de uma história a partir da qual se conta o tempo, ainda não podemos reconhecer o Cristo.

Talvez estejamos distraídos demais, buscando conforto espiritual num cardápio tão variado como o que nos oferece o mundo moderno. Há revelações para todos os gostos, há mestres para todo tipo de discípulo, há caminhos espirituais para acolher toda e qualquer conduta.

Falar no Jesus Cristo bíblico é fora de moda, não combina com a Nova Era. Preferimos outros caminhos que parecem ser mais “up to date”, embora também muito antigos, mas que por alguma razão nos tempos atuais são sinônimo de sabedoria e status.

Há uma promessa acerca de Jesus: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele”.(Ap: 1:7)

Sim, Jesus Cristo voltará visível ao nosso meio. Será que poderemos reconhecê-lo? Como reconheceremos se verdadeiramente não o conhecemos, não andamos com ele?

Glorifico ao Senhor porque em tempo me incomodou, e colocou em meu coração uma pergunta muito séria: o que eu, que falava tanto em mestres, sabia sobre o verdadeiro Mestre? O que eu sabia sobre a cruz? Glórias ao Deus, pai de Jesus Cristo, que em tempo tirou as escamas dos meus olhos, e me fez ver, pelo seu Espírito, que não há outro caminho, não há outro mestre, não há possibilidade de vida eterna a não ser através de Jesus Cristo. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.(João 14:6)”.

Que o Espírito Santo de Deus, que nos convence do pecado, da justiça e do juízo, possa tocar nossos corações verdadeiramente, e retirar, pela misericórdia de Deus, toda escama de nossos olhos, toda sujeira de nossos ouvidos, toda a dureza dos nossos corações. Amém.

DERRAMANDO OS SONHOS NO ALTAR DE DEUS

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”( Jo 15. vs 7)

“Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca.
Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos.
Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.” (Pv 16. 1-3)


Quanto aos nossos sonhos, precisamos passá-los pelo crivo do olhar de Deus. Se Ele reina em nós, nossos sonhos precisam ser submetidos ao senhorio dEle, como todas as outras áreas da nossa vida, ou corremos o sério risco de assumirmos a direção, e então não será mais Ele quem reina, pois o trono do nosso coração não pode ser dividido entre dois senhores.

É lícito sonhar? Toda a criação, a terra, os céus e todo o universo, cada ser vivente teve sua origem no coração de Deus. O Senhor Deus nos dotou com um coração cheio da capacidade de sonhar... Nos criou com faculdades maravilhosas, com curiosidade, com imaginação, e por causa do dom que Ele colocou em nós é que podemos fechar os nossos olhos e ..... sonhar.......

Porém, a Bíblia afirma em Jeremias, cap. 17, vs 9-10...

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?
Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos, e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”


Por isso, podemos dizer que é lícito sonhar, pois foi Deus quem nos dotou dessa capacidade, mas nossos sonhos precisam ser confrontados com a Palavra de Deus e aquilo que vem do coração Dele para nós. Só o Senhor tem condições, como Pai onisciente, de saber se o que sonhamos está de acordo com a vontade dEle para nós. E a vontade dEle é sempre boa, perfeita e agradável.

Precisamos permitir que o Senhor prove nossos corações. Precisamos nos desprender dos sonhos que acalentamos, ao ponto de deixar que eles passem pelo crivo de Deus. Se forem sonhos que fazem parte dos planos de Deus para nós, certamente serão concretizados. Se não forem, é melhor para nós que sejam abandonados, pois pode ser que o Senhor permita sua concretização, mas estaremos na contra-mão da vontade Dele para nós.

Nascemos e crescemos numa sociedade hedonista, onde aprendemos desde muito cedo a “gritar”, “chorar”, “importunar” em favor daquilo que desejamos. Quando temos crianças pequenas, vemos que inúmeras vezes aquilo que elas desejam fervorosamente provavelmente não trará benefícios, e é nosso dever fazer uma triagem do que nos pedem, verificando se é algo que fará bem ou mal, pois mais do que elas temos condições de avaliar.

Assim é em relação a nós e nosso Pai Celestial. Ele sabe o que é bom para os seus filhos. Ele tem a visão do todo. Ele tem a vontade perfeita para nós. Então, deixemos de lado a rebeldia insistente, e submetamos nossos desejos à Ele. Pode ser que nem todos sejam realizados, mas se procedermos assim, podemos ter a certeza de que o resultado dos projetos aprovados será sempre excelente, pois terào sido dirigidos pela sabedoria mais que excelente de Deus.

O pior dos pecadores

“O Pior dos Pecadores”

1 Tm 1:15

Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.

1 Tm 1:12-13

E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus, Senhor Nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério,
A mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor, mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.


Deus em seu amor infinito por nós, preparou a salvação em Jesus, e a santificação em Seu Espírito Santo. Preparou também pra cada uma de nós um lugar no Seu corpo, que é a Igreja, onde, usando dos talentos que Ele nos deu, somos chamados a servir.

Somos colocados em diversas posições no corpo de Cristo, e muitas vezes em posição de liderança. Mas Paulo nos adverte, através destes versículos, que se somos alçados a algum destaque, não é por nosso merecimento, mas porque APESAR do que somos o Senhor nos quer servindo ali. E muitas vezes somos chamados a servir justamente naquelas posições onde se encontram os maiores desafios para nosso crescimento em Cristo, onde seremos confrontadas com nossas limitações e pecados.

Para que, em nossas vidas, Jesus seja Rei é necessário que sejamos súditos. Nossos egos precisam diminuir, encolher, até o ponto em que desapareçam e todos possam ver em nós somente a luz que é Cristo. Isso só se pode dar através de obediência e submissão à Ele.

É o Senhor quem nos designa (indica) para o ministério. E lembra-nos que o ministério é um lugar de serviço, e não um lugar onde se toma as honras para si. Todas as honras e todas as glórias que possamos receber por um trabalho bem feito necessitam ser, sinceramente, devolvidas para Deus.


Fp 4:13

Posso todas as coisas naquele que me fortalece.


Nossa força provém de Deus. Nossos dons provêm de Deus. Nossa capacidade de amar e perdoar provém de Deus. É Ele quem pode nos dar a condição de suportarmos tantos percalços aos quais somos submetidos quando O servimos. Se nosso serviço não estiver todo o tempo calcado nEle, provavelmente nos cansaremos e esgotaremos. É Ele quem nos aprova, em todas as coisas.

1 Tm 1:16

Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nEle para a vida eterna.


O motivo de nossa salvação é o amor de Deus. A finalidade de nossa salvação é servi-lo. Os planos Dele realizados em nós devem ser a nossa razão de existir após o novo nascimento.

Quando Jesus lavou os pés de seus discípulos antes da última ceia, o fez para nos lembrar e demonstrar que essa deverá ser sempre a nossa posição: servir uns aos outros, permitindo que Ele nos lave e nos prepare sempre.

Precisamos nos despojar de nós mesmos para que o Senhor dirija nossa vida. Precisamos abandonar a direção do barco e deixar que Ele assuma o comando. Pode ser que Ele nos surpreenda em nos colocar em lugares onde nunca sequer imaginávamos estar.

Lembrarmos exaustivamente de nossa condição de pecadores é algo que nos leva ao exercício de constante gratidão. Somos salvos, mas não por nossos méritos. Somos dotados de talentos e dons, não para nós mesmos, mas para sermos vaso onde o Senhor depositou o melhor azeite para servir ao restante do corpo.

Admitir nossa condição de pecadores, no entanto, não deve ser algo para se prestar à autodepreciação. A autodepreciação, tanto como a auto-exaltação, nos coloca no foco de nossa atenção, e isso é idolatria. Precisamos nos lembrar de nossa condição para exaltar ao Senhor que nos tira dela.

1 Tm: 1:17

“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo os sempre. Amém.!”

A LIÇÃO DE CRISTO SOBRE O SERVIR

ATENDENDO AO CHAMADO

O Senhor DEUS me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça como aqueles que aprendem.
O Senhor DEUS me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde; não me retiro para trás.”
Is 50:4-5


“Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de Israel, à alma desprezada, ao que as nações abominam, ao servo dos que dominam: Os reis o verão e o levantarão; os príncipes diante de ti se inclinarão, por amor do SENHOR, que é fiel, e do Santo de Israel que te escolheu.
Diz ainda o SENHOR: No tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação; guardar-te-ei e te farei mediador da aliança do povo, para restaurares a terra e lhe repartires as herdades assoladas;
Para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei. Eles pastarão nos caminhos e, em todos os lugares altos, terão o seu pasto. Nunca terão fome nem sede, nem a calma nem o sol os afligirão, porque o que se compadece deles os guiará e os levará mansamente aos mananciais das águas.”
Is 49: 7-11


“Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.”
Is 53: 11


“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo nome, para que ao nome de JESUS se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que JESUS CRISTO é O SENHOR, para glória de Deus Pai.”
Filipenses: 6-11


Verbo – luz dos homens - alma desprezada – servo – mediador da aliança – o mais rejeitado entre os homens – homem de dores – o Justo – Jesus Cristo - Senhor.

O livro do profeta Isaias foi escrito no período entre 700 a 681 a . C. Este livro fala de arrependimento, conversão, e da vinda do Messias Salvador e Redentor do povo de Deus. Isaias descreve o Messias como Servo e como soberano Senhor.

E Jesus o foi verdadeiramente. O próprio Jesus declarou: “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. (Marcos:10:45).
Foi este o grande e sublime serviço que Cristo nos prestou: saiu da sua condição gloriosa, aceitou nascer como humano, limitado pelo corpo físico, sujeito às mesmas emoções e necessidades que todos temos, vivendo em tudo como nós, exceto no pecado, para nos resgatar do castigo que estava previsto para nós, em virtude da entrada do pecado no mundo, pelas mãos de Satanás, castigo terrível de estarmos apartados da presença de Deus por toda a eternidade.

Jesus nos serviu até a ultima gota de sangue, até a última conseqüência, fazendo a vontade do Pai que por seus desígnios assim estabeleceu, que este seria o único resgate aceito por ele para nos salvar.

Não nos cabe transigir sobre a justiça de Deus. Pode nos parecer injusto este preço, de que o Jesus, o Santo, tenha sido sacrificado por todos os pecados do mundo. Mas verdadeiramente injusto é que nós, uma vez conhecendo tudo isso, sabendo o que foi realmente a vinda de Cristo ao mundo na pessoa de Jesus, as suas dores, o seu sofrimento supremo na cruz do calvário, onde quando ao assumir sobre si as nossas iniqüidades foi apartado da presença do Pai, com quem verdadeiramente era um, e depois a demonstração da sua glória com a ressurreição; injusto é que nós permaneçamos incrédulos, sem deixar-nos ser tocados pela imensa graça que nos foi oferecida, indiferentes ao chamado de Cristo para nós.

O que é esse “toque” de Cristo? A história de cada ser humano neste mundo é particular, embora no que se refere ao homem como espécie criada por Deus, em tudo sejamos iguais. Todos fomos criados para a comunhão com o Pai, todos pecamos, todos nos separamos d’Ele e todos necessitamos de redenção. Entretanto, no contexto da vida de cada pessoa o chamado acontece de uma maneira.

Nos dias atuais, é corrente dizermos que todos os caminhos são válidos, desde que levem a Deus. Porém, o caminho que Deus nos indica como verdadeiro, através da pessoa de Jesus Cristo, está descrito letra por letra, na sua Palavra, nas Escrituras que temos como fonte, como atalho, como poço onde podemos buscar a verdade. Se não nos baseamos na letra bíblica, o que estamos seguindo não é o caminho que Jesus Cristo indicou.

Na doutrina de Jesus Cristo não há ensinos ocultos. A palavra está aí, traduzida em muitas línguas, mas sempre mantido o verdadeiro sentido daquilo que nos foi deixado como caminho. A palavra é clara, sincera, impetuosa. A um só tempo amorosa e dura, ela nos coloca diante de nossa pequenez, de nossa natureza humana, mas nos leva também a re-conhecermos e re-encontrarmos o amor de Deus através da confirmação de suas promessas. Tudo o que Deus declarou, através dos profetas que designou antes da vinda de Cristo, foi a seu tempo consumado. A primeira vinda de Cristo foi testemunhada e descrita em 4 evangelhos, para que não houvesse dúvida acerca dos seus testemunhos. Ainda muitos acontecimentos do mundo contemporâneo e outros que ainda estão por vir estão registrados e descritos nas escrituras.

Jesus não foi um profeta. Jesus não foi mais um dentre os muitos mestres que o mundo nomeia em várias civilizações. Jesus é o Cristo, o filho do Deus Vivo, e ele reina sobre nós, e tem nas suas mãos todo poder para nos salvar, nos libertar. Ele pagou o resgate. Não há na história nenhum outro que tenha vindo nesta missão de resgatar-nos através do seu próprio sangue, e que fosse declarado pelo próprio Pai como seu verdadeiro filho:“E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Marcos:1:11).

Diante dessa realidade, como nos posicionamos?

Cristo nos chama a mudar de vida. Mudar de posição. Mudar de opinião. Mudar de conduta. Cristo nos constrange a mudar quando nos toca (“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que se um morreu por todos, logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” – 2 Cor: 5:14-15). Simplesmente não é possível que queiramos seguir a Cristo e manter intactos os nossos hábitos, prazeres, amizades, leituras, conversas, condutas. É preciso permitir que o Espírito Santo opere com liberdade em nossas vidas, é preciso convida-lo a entrar.

E não sejamos ingênuos. Em nenhum momento Ele afirmou que segui-lo seria fácil. Ao contrário, em inúmeras ocasiões Cristo mesmo aponta para o fato de que Ele, o Filho do Deus vivo, que estava com Deus desde o princípio e está assentado à sua direita, e tem poder para redimir e condenar, Ele foi aqui na terra o mais humilhado, para que fosse exaltado. Seu caminho é estreito e os caminhos do ego, dos prazeres, dos convites que o mundo faz são espaçosos.

Viver com Cristo nos coloca diante de uma dimensão nova: precisamos realmente modificar muitas coisas. Não podemos mais conviver com determinadas atitudes e comportamentos, muitos passam a ser insuportáveis. É também preciso estar preparado para perder amizades, para receber críticas, para ser questionado, confrontado, excluído.

Viver com Cristo nos coloca diante da dimensão do outro, nosso próximo. Quem é esse a quem devemos amar como a nós mesmos? Parece tão difícil! E sem que busquemos nos preencher não do nosso amor humano, mas do amor, da misericórdia de Jesus Cristo, é verdadeiramente impossível.

Amar, perdoar, dar a outra face. A mensagem de Cristo nos constrange porque o que exige de nós é que renunciemos ao orgulho, ao egoísmo, à preservação de nossos egos, para podermos encontrar o outro, nosso irmão, nosso próximo, coração com coração, tocando em feridas, renunciando a toda mesquinhez, abrindo mão da necessidade de sermos sempre aceitos e remunerados pela gratidão do outro. Jesus nos serviu até a última gota de sangue, e não recebeu gratidão dos homens. Mas foi exaltado pelo Pai, por ter cumprido seus desígnios.

Aquele que se permite tocar pelo amor de Cristo, e inicia sua jornada pelas águas do Espírito Santo, não está só. A escolha, esse acontecimento que passa a contar nossa vida como antes e depois de Cristo, sempre vem cumulada de bênçãos. O véu se rasga e o amor de Deus se derrama em cascata sobre nós. Abre nossos olhos e ouvidos, nos dá palavras para dizer, nos impele a buscar, e buscar e buscar e buscar... Suas fontes nunca findam, sua graça nunca cessa, suas águas jorram incessantemente. Precisamos sabedoria para enxergar bênção onde antes víamos maldição, para enxergar para além de cada particular circunstância, o poderio de Deus sendo exercido soberanamente sobre as nossas vidas.

Que o Senhor permita o fluir de sua graça sobre todos os que crêem; que nos dê ouvidos para ouvir, humildade para obedecer e coragem para cumprir aquilo que desde nossa geração está reservado para nós. Que o amor soberano de Jesus, Servo e Senhor, seja derramado sobre todos os homens, e que a Graça da Salvação, que está em crer no nome do Senhor Jesus, toque profundamente em cada coração. Amém.

SETEBOM - AULA - INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA - 30/08

SETEBOM – 2010/2
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
Prof: Maria Beatriz Versiani

A PRÉ HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

- No século XVII inaugura-se um modelo de pensamento que se propõe a pensar a subjetividade. A partir de Descartes, a representação passa a ser o lugar de morada da verdade. Platão é o inspirador desse pensamento, tendo o movimento platonista fundado o domínio da representação. A questão em Platão é o estabelecimento do dominio da verdade, da constituição da ciência. A realidade somente pode ser descrita através da sua representação simbólica
- Descartes formula o cogito: Penso, logo existo. O pensamento cartesiano nos coloca perante a hegemonia da consciência, ou seja, a consciência é o lugar da verdade.
- O pensamento do final do século XIX se contrapõe “cogito” cartesiano, e Freud através da sua psicanálise produz uma derrubada da razão e da consciência do lugar “sagrado” onde se encontravam. Freud coloca a consciência num lugar de dúvida, de ocultamento da verdade.
- O começo da psicanálise é a produção do conceito de inconsciente, que resultou numa clivagem (divisão) da subjetividade . A partir da psicanálise, a subjetividade deixou de ser pensada como um todo identificado com a consciência, para ser dividida entre dois grandes sistemas: consciente e inconsciente. Lacan, relendo Freud, formula: Penso onde não sou, portanto sou onde não me penso. Há algo da subjetividade que escapa ao nível consciente, e esta é a base da teoria formulada por Freud. O sujeito do enunciado (aquele que faz uso da palavra e diz: eu sou, eu penso), não é aquele que nos revela o sujeito da enunciação (aquele que se situa numa porção inconsciente e que se revela fora do discurso formal). A psicanálise inaugura a formulação do homem visto como um sujeito fendido, dividido. A subjetividade deste homem estaria dominada por uma luta interna entre essas duas realidades.

“O que faço não o entendo. Pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço, isso faço. Acho então essa lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Pois Segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus, mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.’ (Bíblia de Referência Thompsom, Rm 5:15;21-23)

Será que podemos reconhecer esse sujeito dividido no dizer de Paulo em sua carta aos Romanos? Um sujeito que não é senhor de seus próprios atos, pois há uma realidade que escapa ao domínio da sua vontade consciente. Para o saber psicanalítico, esta é a condição de todo ser humano.

O sujeito do enunciado não é aquele que nos revela o sujeito da enunciação, mas aquele que produz o desconhecimento deste ultimo. Dito de outra maneira: o cogito não é o lugar da verdade do sujeito mas o lugar do seu desconhecimento. (GARCIA-ROZA, 1987, p.23)

- Conforme Garzia-Roza, o século XVII foi o momento de emergência da loucura, que até então não existia como o reconhecimento de uma doença, mas apenas como diferença (FOUCAULT. M, 1978). O louco ocupava um lugar de diferente assim como o alcoolatra, o leproso, o deliquente, o sifilítico.

“Também o leproso, em quem está a praga, andará com as vestes rasgadas, a cabeça descoberta e os cabelos soltos, mas cobrirá o bigode e gritará: Imundo!Imundo! Será imundo todos os dias em que a praga estiver nele. É imundo e habitará só; a sua habitação será fora do arraial. “(Bíblia de Referência Thompsom, 2007. Lv 13:45-46)

- A instituição do saber psiquiatrico implicou na apresentação do louco como “perigoso” para a sociedade e da consequente atribuição de poder à figura do psiquiatra, que deveria manter sob controle essa ameaça.
- Os métodos da psiquiatria para a sondagem da loucura esbarravam no sentido de encontrar critérios seguros para se distinguir a loucura da simulação.
- A hipnose surge neste contexto, que ainda buscava um respaldo na anatomia (a ocorrencia de lesões anatomicas) que pudesse justificar os sintomas encontrados pelos psiquiatras.
- Charcot, psiquiatra que influenciou Freud em seus primeiros estudos sobre a histeria, a introduziu no campo das perturbações fisiológicas do sistema nervosa, e tentou simular estas alterações através da hipnose.
- A função da hipnose era de remeter o paciente ao seu passado de modo que ele encontrasse o fato traumatico que dera origem ao sintoma. As narrativas das pacientes histéricas sob hipnose traziam sistematicamente histórias de cunho sexual. Esse foi o ponto de partida para a investigação de Freud.
FORMULAÇÕES TEÓRICAS:
- Em A Interpretação dos Sonhos (1899), Freud parte da afirmação de que os sonhos possuem sentido, e de que são realizações de desejos. Sobre o sonho incidiria uma censura cujo efeito é uma “deformação onírica”, tornando seu conteúdo, quando lembrado pelo sujeito consciente, absurdo e carecendo de ser decifrado. O sonho manifesto, assim como os sintomas, são o efeito de uma distorção cuja causa é a censura.
- São características do sonho:
o Condensação: o conteúdo manifesto do sonho é sempre menor que o conteúdo latente. Um elemento no sonho pode estar representando vários outros elementos. Por exemplo, o sujeito poderia sonhar com uma só pessoa que tivesse ao mesmo tempo os trejeitos de outra, o nome que lembraria outra ou outra situação, e assim por diante;
o Deslocamento: quando um elemento latente é substituído por outro mais remoto, que faça ao mesmo apenas uma alusão, fazendo assim um descentramento da importância;
o Figuração: mecanismo pelo qual os pensamentos no sonho podem aparecer sob a forma de imagem.
o Símbolo: (uso do simbólico)Simbolo designa sempre uma relação de representação. Signos podem ser distinguidos em :
 Índice: quando mantém uma relaçao direta com o objeto que representa: ex: a rua está molhada e isso é sinal de que choveu
 Ícone: quando sua relação com o objeto representado é de semelhança: ex: o retrato e o retratado
 Símbolo: quando a representação é aleatória e não natural, como no caso das palavras. Não somente a linguagem como a cultura na sua totalidade são consideradas formas simbólicas.
- Metapsicologia em Interpretação dos Sonhos: Os Sistemas Inconsciente, Pré-Consciente, Consciente:

Os lugares estabelecidos por Freud para estas três instâncias não são lugares físicos, que teriam correspondência anatômica.
O aparelho psíquico é formado por sistemas quem mantêm entre si uma relação dinâmica, onde nossa atividade psíquica inicia-se a partir de estímulos (internos ou externos) e termina numa descarga motora.

O inconsciente é um reservatório de conteúdos carregados de excitação que se dirigem ao sistema pré-consciente/consciente. Nesse caminho, esses conteudos sofrem censura e são modificados ligando-se a pensamentos pertencentes ao pré-consciente/consciente, desta forma alcançando alguma realização. A material prima dos sonhos são pensamentos.

Os desejos provenientes do sistema inconsciente encontram-se em permanente disposição para uma expressão consciente, no que são impedidos pela censura. Esta, no entanto, pode ser burlada na medida em que o desejo inconsciente transfira sua intensidade para um impulse do consciente cujo conteúdo ideativo funcione apenas como indicador do desejo original. (GARCIA-ROZA, 1987)


Os desejos do Inconsciente e do Pré-consciente/Consciente não são os mesmos e nunca estão de acordo. A luta entre essas instâncias produz ansiedade.

- O Desamparo e a Experiência de Satisfação:
O desamparo do bebê é utilizado por Freud para conceituar a experiência de satisfação. O impulso originado pela necessidade gera tensão para ser satisfeito. O choro é respondido com o fornecimento do alimento. A experiência de satisfação da necessidade é acompanhada de uma percepção, que será armazenada como traço de memória que permanece associado à satisfação. Quando surge o mesmo estado de tensão produzido pela mesma necessidade, surge um impulso psíquico que procurará reevocar (lembrar) a experiência de satisfação, mas que se mostrará ineficaz para satisfazer a necessidade. A criança fará uma representação alucinatória da experiência de satisfação.
Daí a necessidade do aparelho psíquico de criar uma barreira para inibir essa experiencia alucinatória, que será a responsável pela formação do Ego.
O acúmulo de energia no sistema Ics resulta em desprazer fazendo sempre uma pressão no sentido da realização motora dessa energia. Enquanto o Ics luta para grantir a descarga da excitação acumulada, o Pcs/Cs procura desviar a excitação do Ics, alterando seu conteúdo de maneira a possibilitar uma satisfação indireta e parcial porém tolerada por ele.
O recalcamento é uma operação feita pelo sistema Pcs/Cs que visa voltar com o material do inconsciente para o mesmo. O que ocorre, é que o material recalcado exerce uma atração constant esobre os conteúdos do Pcs/Cs, em relação aos quais ele possa estabelecer uma ligação e conseguir satisfação. Esse material recalcado voltará sob a forma de sintoma, de sonhos, atos falhos e chistes.
Por isso dizemos que o sintoma é uma metáfora, ou seja, um substituto do desejo inconsciente recalcado, que funciona como uma forma de falar, ainda que de maneira imperfeita, desse desejo.


BIBLIOGRAFIA
GARCIA-ROZA. L.A. Freud e o Inconsciente: Rio de Janeiro – Jorge Zahar Editor, 1987.