Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

AGRADECER

Gratidão: Reconhecimento por um bem que nos foi feito.


“Cheguemo-nos pois com confiança ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hb 4:16)

<>“Esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que lhe pedimos, sabemos que já alcançamos os pedidos que lhe fizemos.” (1 Jo: 5:14-15)


Quando somos pequenos, nossos pais nos ensinam as famosas palavrinhas “mágicas”: por favor, e obrigado. Aprendemos que são “mágicas” porque levam as pessoas a fazerem com alegria algo que precisamos.


O Senhor nosso Pai, em sua Palavra, também nos ensina sobre como devemos pedir, e sobre a necessidade de agradecer. Diz que devemos continuamente nos colocar diante Dele, com petições e ação de graças. Não porque Ele seja um ser orgulhoso, que aceita bajulações. Mas porque Ele sabe que agradecer é um exercício de dependência. É um exercício de reconhecimento de que não há em nós nada que pudesse merecer o seu favor, mas que tudo o que recebemos é porque Ele nos ama, e quer o melhor para nós.


Nosso Pai nos ensina a agradecer, porque Ele sabe que um coração cheio de gratidão estará também cheio de misericórdia e sensibilidade pelas necessidades do outro. Um coração grato nos prepara para cumprir a totalidade dos seus mandamentos, reunidos por Jesus em dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a mim mesmo.
Se nos achegamos a Deus reconhecendo que somente a Ele devemos gratidão pelo bem que nos tem feito, exercitamos o nosso amor. Se temos um coração verdadeiramente grato, nos tornamos fonte de águas para aquele que perto de nós tem sede. Cantarmos a benignidade do Senhor, louvarmos o Senhor no meio da congregação, anunciarmos as suas boas obras... Alegrarmo-nos com os que se alegram... E juntos atribuirmos a vida abundante que temos à infinita misericórdia do Nosso Senhor. Esta é a razão do nosso viver.


Um coração cheio de gratidão, nos leva à obediência. Não precisamos obedecer porque somos obrigados, mas porque amamos nosso Pai. Queremos obedecê-lo. Queremos com nosso desejo de obediência agradar a um Pai que move céus e terras para nos abençoar. Sejamos como terra bem adubada, onde as sementes são plantadas e regadas. Em gratidão, ela nos dá o seu fruto.


Sejamos então gratos, e de todos sejam conhecidos os motivos da nossa alegria. Ofereçamos a Deus os frutos da nossa gratidão, frutos de conversão verdadeira.

Possamos cantar como Maria, quando recebeu do Espírito Santo, através de sua prima Isabel, essas palavras: “Bem aventurada a que creu que se cumprirão as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas” (Lc 1:45) Bem aventurados somos nós, porque cremos que já tem se cumprido nas nossas vidas todas as coisas que desde o princípio nos foram anunciadas da parte do Senhor.


“ A nossa alma engrandece ao Senhor, e o nosso espírito se alegra em Deus nosso Salvador, pois olhou para a humildade dos seus servos.
Desde agora todas as gerações nos chamarão bem-aventurados, pois grandes coisas nos fez o Poderoso.
Santo é o seu nome. A sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.
Com o seu braço agiu valorosamente; dispersou os que no coração alimentavam pensamentos soberbos.
Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos.
Auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia
Para com Abraão e a sua descendência, para sempre.” (Lc 1:46 - adaptado)



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Deixando o Barco

“ Andando Jesus junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.Imediatamente eles deixaram as redes, e o seguiram.Indo um pouco mais longe, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Estavam num barco em companhia de seu pai Zebedeu, consertando as redes. Jesus os chamou, e eles, deixando o barco e seu pai, imediatamente o seguiram.” (Mt: 4:18-22)

DEIXANDO O BARCO
O que é o barco na vida de um pescador? Quase tudo. Numa comunidade fundada sobre o ofício da pesca, o barco significa a única chance de subsistência. Companheiro de noites e dias no mar, veículo para se obter o alimento, sobre o qual muitas horas são gastas, navegando e fazendo manutenção, construindo, melhorando. O amigo que aguarda, solitário, atracado, até o momento de partir novamente com seus pares, de ser conduzido ao trabalho.
A narrativa de Mateus nos conta que Jesus andava junto ao mar, quando viu dois irmãos trabalhando. Bastou um chamado do Mestre e eles imediatamente deixaram as redes, e O seguiram. Mais a frente, a cena se repete, agora com os filhos de Zebedeu, que consertavam as redes para a pesca. Ao chamado de Jesus, eles deixam imediatamente o barco e seu pai, e O seguem.
Posso imaginar Zebedeu. Um homem de meia idade, que contava com a força e juventude dos filhos para ajudá-lo no ofício. Filhos que desde bem pequenos deviam ter sido ensinados por ele a saírem com o barco, manejá-lo, a lançar redes, consertá-las, a amarem o barco e seu ofício. Imagino um Zebedeu atônito, sentindo-se abandonado, traído, preterido por alguém que eles nem sequer conheciam. Imagino Zebedeu com as redes nas mãos, chorando e lamentando a partida dos filhos queridos. “Como puderam abandonar-me?” “Logo agora, que estou velho e preciso deles?” “O que farei?” . Imagino o barco, agora vazio, atracado junto as margens do mar da Galiléia. O barco vazio, símbolo de uma vida deixada para trás. Com ele ficaram as estórias, os anseios da velha vida, o que restou dos pescadores de peixes.
Os pescadores, agora de homens, seguiam não mais os sinais das ondas, mas os passos do Mestre. Quando navegavam, emprestavam seus saberes ao capitão do barco, o Senhor Jesus. Não mais estavam ao sabor das águas, mas fluíam na direção das águas do Pai.
A cada homem ou mulher chamado por Jesus pertence um barco. Um universo tão conhecido, amado, construído de memórias e desejos, suor, risos e lágrimas. Amigos, familiares, carreiras, estudos, sonhos. O mesmo Jesus, andando pelo mundo através do Seu Espírito, nos viu junto ao mar e nos chamou: “Venham, venham após mim... venham ser engenheiros do reino, arquitetos de vidas, psicólogos, artesãos, pastores, lavradores, ceifeiros, ouvintes, médicos, professores, dentistas, artistas, cantores, ...,trabalhem, trabalhem para mim. Deixem os “barcos” que vocês conhecem tão bem, e sigam-me.
Ah! Que doce voz nos chama! E quão duro pode ser para nós esse chamado. Não, não fomos chamados para permanecermos no barco, fomos chamados para deixá-lo. No caminho convertido, pisando em terra firme, seguindo as pegadas de Jesus, choramos. Choramos a saudade daqueles que ficaram. Choramos a rejeição daqueles que nos amavam, mas agora, porque não podemos mais estar no barco, nos lançam pedras. Choramos quando vemos ao longe as velas dos barquinhos que se enfileiram no horizonte, alheios à nossa saudade. Choramos quando cheios de alegria queremos voltar contando que belas coisas temos aprendido, mas as portas que antes se abriam agora estão fechadas para nós.
Choramos, porque perdemos prestígio, posição. Choramos porque perdemos amigos. Choramos porque perdemos o aconchego daqueles que mais amamos. Choramos porque podemos ser destituídos de muitas coisas que cultivamos durante uma vida.
No caminho convertido, o “si mesmo” perde espaço para ganhar em pertencimento do Corpo. Enterramos lugares, músicas, pessoas, lembranças. Quando Jesus chama, não é possível trazer conosco toda a parafernalha do velho homem. Até porque, a passagem é estreita, e se trouxermos coisas desnecessárias não poderemos passar.
“ Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” diz o texto de Hebreus (Hb 4:7b). É possível ouvirmos a doce voz que nos chama, e não atendermos ao chamado. O jovem rico, diante do chamado de Jesus, entristeceu-se, e voltou para o seu mundo de coisas materiais. Seu velho e conhecido `barco`. Mas, para nós, que ouvimos e aceitamos segui-lo, é mister deixamos muito para trás.
Entendamos, no entanto, que ao deixar o barco, é preciso viver o luto. Pode ser que os apóstolos de Jesus, chamados à beira do mar da Galiléia, tenham chorado em algum momento. Isso não fez deles menos capacitados a se tornarem os homens em quem foram tornados. Chorar o que morreu, chorar o que enterramos, faz parte do processo de recomeçar. Chorar para então, ao haver rasgado nossas vestes e, derramado muitas lágrimas, levantarmo-nos, de vestes novas e ungidos com o Espírito, e caminharmos pelo mundo convidando outros como nós a deixarem os seus barcos pelo cais.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

PARA FAZER UM ANO NOVO

Acautelai-vos por vós mesmos, para que não aconteça que os vossos corações se sobrecarreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos pegue de surpresa, como uma armadilha..” (Lucas 21: 34)

A passagem do ano nos coloca simbolicamente diante da dimensão de um novo tempo, onde poderemos inaugurar uma nova forma de viver. Frente ao novo ano, corajosamente riscamos aquilo que não queremos mais em nossas vidas. Velhos hábitos, velhos medos, relacionamentos que não nos fazem bem.

Como diante de um caderno novo, escrevemos com letra caprichada os projetos para o ano que vai começar.

Se tivéssemos a real dimensão da provisoriedade da vida, e das coisas desse mundo, todos os dias seriam como 31 de dezembro. Se tomássemos a palavra de Jesus em Lucas 21 como realidade à qual não escaparemos, assumiríamos uma posição vigilante e alerta.

A Palavra de Deus nos chama: “Desperta, oh tu que dormes!” ( Ef 5: 14). Vivemos como se o Ano Aceitável do Senhor ainda fosse apenas uma promessa, de algo que virá quem sabe um dia...

Tomo então a liberdade de propor neste primeiro de janeiro um tempo realmente novo! Um tempo que para nós, cristãos, seja de revisão verdadeira daquilo que trazemos secretamente no nosso coração. Um tempo em que possamos nos despojar das cargas desnecessárias, e tomar sobre nós apenas o jugo daquele que nos chamou à Ele.

Em Mateus 15:19 podemos ouvir de Jesus: “Pois do coração procedem maus pensamentos, assassínio, adultério, prostituição, furto, falso testemunho, blasfêmia.”

Preocupamo-nos tanto em consertar o que é externo, gastamos tanta energia para manter as aparências, e nos esquecemos de que do nosso coração procedem as saídas da vida. Se nosso coração estiver sobrecarregado, a via por onde poderão jorrar águas vivas estará impedida. Cabe então perguntar:

DE QUE ESTÁ SOBRECARREGADO O MEU CORAÇÃO?

  • Os “cuidados da vida” tem tomado muito espaço em minha vida?
  • Quais são as raízes de amargura que tem brotado e tomado corpo como ervas daninhas em meu coração?
  • Em que “poltronas” confortáveis tenho me acomodado para dormir, quando o Senhor me chama para despertar? Aqui não falo de dormir no sentido concreto, mas refiro-me a um certo adiamento que nos permitimos quando se trata de promover mudança em nossa vida...
  • Quais os temores que tem me impedido de exercitar o projeto de Deus a meu respeito? Que tipo de vaidades estão por trás das minhas ações?
  • O quanto realmente tenho investido de mim no relacionamento com as pessoas que me foram confiadas para amar?
  • Quais são as minhas prioridades?
  • Como anda minha capacidade de perdoar a mediocridade que vejo no outro e em mim mesmo? O quanto tenho conseguido exercer daquilo em que creio?
  • Que tipo de couraça tenho vestido, para impedir que meu irmão verdadeiramente tenha comunhão comigo?
  • E, finalmente, o quanto estou disposto a ouvir o que Deus quer me dizer em 2010?

Que possamos fazer uma reflexão sincera e amorosa de nós mesmos nesta passagem de ano. E que nosso Deus que é Grande e Misericordioso, nos console em nossa fraqueza, e nos fortaleça em virtude e graça!

Que 2010 seja um ano de sinceridade, e de um novo coração, para todos nós.