Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dá-me o Teu Coração






O meu coração está aos pés da Cruz de Cristo. Como num quadro impressionista, meu coração sangra arrancado a força do peito. Despojado, largado ali aos pés do Senhor Jesus.

Doeu muito fazê-lo. Arrancá-lo, veias e artérias, sem anestesia, sem torpor. No auge da minha lucidez, percebi que se não o fizesse morreria. Meu coração estava enfermo de amargura e rancor. De sonhos não vividos, de prazeres que não conquistei. De pessoas que não perdoei, de bens que não consegui. Meu coração estava cheio do vazio dos nãos que recebi da vida, e que me fizeram chorar e lamentar.

Porque quando recebo nãos da vida minha alma, qual criança, se fecha em frustração e queixumes. De repente se turvam meus olhos e já não sou capaz de ver todos os sims que me trouxeram até aqui. O sim da vida que vingou no ventre da minha mãe. O sim da saúde, o sim dos estudos, do casamento, de filhos. O sim dos amigos, o sim dos muitos trabalhos nos quais me envolvi.

Especialmente, como concha fechada, a minha alma se esquece do SIM que recebi naquela Cruz. Um SIM que não dependeu de quem eu era, do que havia feito, de como havia chegado ali. Um SIM dado todo por AMOR e por GRAÇA.

Por este SIM, e em troca dele, deposito agora aos pés do Senhor meu coração. Já não é mais meu, esse que palpita. Agora é Teu. Toma-o, e esvazia. Faz nele uma sangria, derrama dele toda dor. Transplanta ao meu peito o coração que tens, esse que é cheio de terna compaixão.

Dá-me a dignidade do Teu olhar, que contempla do alto do madeiro os que te rejeitaram, e os ama com amor sublime. Dá-me o Teu sangue por herança, e a visão das coisas futuras por misericórdia. Faz-me contemplar a vida a partir desse lugar, do madeiro em que estivestes, por um pouco de tempo, até que tudo fosse consumado.

Senhor, dá-me o Teu coração. Dá-me o Teu sobrenome. Dá-me a Vida abundante que há em Ti.

"Sonda-me ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno." (Sl 139: 23-24)