Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







terça-feira, 24 de julho de 2012

Se a sua língua te faz pecar


Maria Beatriz Versiani

“No dia seguinte, quando saíram de Betania, teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. Então lhe disse Jesus : Nunca jamais alguém coma fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto.
...
E passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. Então Pedro, lembrando-se falou: Mestre eis que a figueira que amaldiçoaste secou. Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que se alguém disser a este monte: ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.” (Mc 11: 13-14; 20-23)

A palavra é o meio pelo qual Deus criou todas as coisas. No livro de Genesis (Começos), capítulo 1 podemos ler: “E disse Deus”, muitas vezes, antecedendo o verbo Haver: “Disse Deus: haja luz, e houve luz” (Gn 1:3).

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez.” (Jo 1:1-3)

Partindo desse ponto, somos convidados a pensar: ao intitular o próprio Deus Encarnado de Verbo, o que nos ensinam as escrituras? Ele, aquele que detém todo o poder, é Verbo, é Palavra da Verdade (Tg 1:18). Através da Palavra, do dizer, tudo o que foi feito se fez. A natureza, os céus, a terra, a luz, os homens - imagem e semelhança de Deus.

Aos homens também foi conferido o dom de falar. Depreendemos da passagem do evangelho de Marcos que também a nós foi outorgado poder através das palavras que dizemos. Por isso, oramos em alta voz. Nós ouvimos e Deus ouve.

Interessante. A passagem da figueira nos conta que os discípulos ouviram o que Jesus disse à figueira. E que Pedro se lembrou do que havia sido dito. Então o que falamos será lembrado pelos que escutam.

Pelas palavras temos poder para abençoar e para amaldiçoar. Alguém que ouviu muitas vezes durante a infância que é uma peste, uma praga, que atrasa a vida dos pais, provavelmente crescerá acreditando nisso. E talvez venha mesmo a ser uma peste,uma praga, confirmando, por um mover inconsciente, essas “maldições familiares”.

Como temos usado nossa língua? Na família, com nossos cônjuges, com nossos filhos. Como a temos usado conosco mesmos? Será que temos gerado em torno de nós palavras de fé e esperança, ou palavras de desanimo e destruição?

Temos louvado, agradecido o que recebemos, ou temos nos queixado daquilo que não nos foi dado? Na primeira carta de Paulo aos Coríntios ele nos relata de como Deus não se agradou do seu povo, razão pela qual ficaram prostrados no deserto. Os motivos? Idolatria, imoralidade, murmuração.

O que temos gerado em nosso meio, através do que dizemos, tem sido bênçãos ou maldições? A maledicência pode destruir vidas, como nos afirma Tiago:

“Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno.” (Tg 3:6)
Vivemos num mundo em que as notícias se espalham rapidamente. Pela internet publica-se qualquer coisa, verdades ou mentiras. E dá-lhe processos judiciais para responder a calunias publicas. Mas não só na mídia notícias sobre outrem podem ser devastadoras. Vemos isso na igreja, no trabalho, na escola. Vemos isso nas famílias. Maldizer alguém é lançar fogo sobre a sua vida.

Daí a nossa responsabilidade sobre o que dizemos. Da próxima vez que você perceber que a sua língua vai te fazer pecar, corte-a fora! Não, não estou sugerindo uma auto-mutilação. Cortá-la fora é uma metáfora para dizer: escolha não falar. Fique em silencio, promova a paz, e quando falar seja para edificar vidas e não para destruir.

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para a edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.
Não entristeçais o Espírito de Deus, para o quel fostes selados para o dia da Redenção.” (Ef 4:29-30)

As Três Peneiras de Sócrates

Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
- Três peneiras? Que queres dizer?
- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
- Devo confessar que não.
- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
- Útil? Na verdade, não.
- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.

Tratando as Feridas do Corpo de Cristo


Lembro-me de um fato ocorrido há cerca de 15 anos. Certo médico, numa comemoração, dispôs-se a soltar fogos, estando a festa lá pelas tantas. Resultado: o foguete estourou em sua mão e queimou-a completamente. Com a dignidade de um verdadeiro médico diante da dor, ele mesmo levou sua mão em carne viva à água abundante, e lavou-a bem com sabão em barra, para em seguida untá-la e enfaixá-la. Passado um tempo, não havia sequer uma cicatriz do triste evento, a não ser o que se aprendeu sobre como não soltar foguetes.

Aprendi com aquele médico: quando há um ferimento a primeira medida é lavá-lo com água e sabão. Não podemos aplicar sobre ele uma faixa ou um bandaid, tamponando antes de limpar. Caso contrário a ferida ficará infeccionada, podendo trazer graves complicações para todo o corpo.

O Senhor Jesus, médico dos médicos, em sua Palavra afirma, através do apóstolo Paulo, que somos membros de um só corpo:

“Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito.

O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos.

Se o pé disser: "Porque não sou mão, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo.

E se o ouvido disser: "Porque não sou olho, não pertenço ao corpo", nem por isso deixa de fazer parte do corpo.

Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato?

De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade.
Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?
Assim, há muitos membros, mas um só corpo.

O olho não pode dizer à mão: "Não preciso de você! " Nem a cabeça pode dizer aos pés: "Não preciso de vocês! "
(1 Coríntios 12:13-21)

Como tem estado este Corpo? Corpo espiritual, formado pela igreja, pelos crentes em Cristo? Certamente, com muitos membros saudáveis, e outros nem tanto. As feridas que se apresentam neste corpo são, geralmente, da ordem do caráter, e causadas pela presença deste vírus tão disseminado entre os homens: o pecado. O pecado gera feridas repulsivas, fétidas, purulentas.

Quando membros saudáveis as vêem, sua tendência natural é repudiar, esconder, ocultar. Ou desejar extirpar esta parte do corpo, muitas vezes de modo prematuro, antes que o tecido seja necrosado.

No evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas, capítulo 10, o Senhor nos ensina algo sobre como tratar feridas, com a parábola do bom samaritano. Diz o texto que um homem foi assaltado e surrado à beira da estrada. Por esta estrada passava um sacerdote. Ao deparar-se com ele, atravessou para não se obrigar a fazer algo. Em seguida, passou um levita. Ao ver o homem, foi embora pelo outro lado da estrada. Passando também um samaritano, homem sem dignidade aos olhos dos judeus, este se compadeceu do que estava ferido.

“Então chegou perto dele, limpou seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele.”
(Lc 10:33-34)

O Mestre nos pergunta: “- Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?”

Quem é o seu próximo?

Se somos membros de um mesmo corpo, então precisamos tratar uns dos outros. Com o amor de Cristo, com a Água Viva, com o Azeite do Espírito. Precisamos colocar o membro ferido em nossa vida, e cuidar dele. Não é coerente com a fé que professamos que simplesmente queiramos ocultar as feridas do corpo.

Feridas precisam ser tratadas. E em seguida protegidas. Expor feridas à ação do tempo antes que criem casca pode gerar infecções. É preciso refazer os curativos diariamente, e acompanhar a cicatrização.

Todos fomos batizados em um só Espirito, quer escravos, quer livres. Alguns de nós estão mais maduros, mais libertos de pecados aparentes, mais fortalecidos na fé. Outros estão ainda fracos, escravos de pecados recorrentes. O que faremos a estes? Atravessaremos a estrada, fingindo não ser conosco? Ou, atendendo à instrução do Cabeça do Corpo, os recolheremos da beira do caminho, nos dispondo a lavar e tratar suas feridas?

“Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis,
e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial,
enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial. Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta,
a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros.

Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele.
Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo.” (1 Co12:22-27)