Minha vida é movimento.



Dança. Compasso.



Canto.




Minha vida é passo.



Caminho, escuto, recordo.



Encontro e decanto.



Conflito, reflito e traço.



Minha vida é campo



onde lanço, arado.



Onde laço, espanto!



Onde tanto, escasso.



Onde espaço, encanto.



Onde espanto, abraço.







quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Romeu e Julieta

Remexer em baús antigos é coisa que todo mundo faz. Ler e reler bilhetes, antigas cartas de amor. Procurar nas fotos velhas referências de um passado “feliz” (?), ou possibilidades de outros “end”s para nossas vidas tão comuns.

Um amor perdido para sempre. Um amor interditado, à distancia de um mundo, que script para um romance! Romeu e Julieta se amavam, e proibidos por suas famílias, preferiram morrer. Beberam do mesmo veneno, e morreram eternizados em sua estória de amor.

Morreram para outra vida, morreram para outros amores. Morreram para quaisquer outras possibilidades de amar.

Não cultivo o hábito de visitar túmulos. Entendi há muito que pés presos no passado me impedem de caminhar para frente. Não me atraem encontros furtivos. Não me atraem conversas on line. Não me iludo com o que poderia ter sido.

Romeu e Julieta permaneceram para sempre contemplando, dos antigos balcões da cidade imaginária, o que teria sido seu destino.

Eu, preferi viver.

PRIMAVERA PARA CANTAR

Vede, eu faço uma coisa nova, que está saindo à luz: não a percebeis? Porei um caminho no deserto, e rios no ermo.” (Is 43:19)

Vem chegando a primavera, e com ela o renovo das estações... Vai-se o frio, e abrimo-nos escancarados ao calor, ao sol que parece de verão, e promete destruir vírus e outros males próprios da estação fria e seca do inverno.

Que venha a primavera em nossos corações, despedindo com o canto dos pássaros o humor fechado de tempos frios e sombrios. Venham os longos dias encurtando as noites escuras da alma, vividas tão intensamente nesses tempos.

É tempo de limpar as janelas dos olhos, e dar boas vindas à natureza, que se apresenta, para além dos noticiários frios e seu inverno (inferno?) incansável, mais uma vez, renovada.

É certo que as águas não são mais tão abundantes, é certo que os passarinhos buscam com dificuldade lugares de fazerem ninhos, é certo que carecemos de verde nas cidades grandes. Mas a força do Deus que criou a natureza em toda a sua exuberância, não diminuiu, porque Ele não muda.

“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor. Como a alva será a sua saída; Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” (Is 6:3)

Deus é imutável, forte, poderoso e misericordioso. Deus é amor. Deus manifesta seus atributos no relacionamento que estabeleceu, desde o princípio, com as suas criaturas. Na primavera, podemos conhecer o renovo de Deus na pintura colorida das flores do campo e na dança dos pássaros. Abelhas, beija-flores, besouros e morceguinhos trabalham polinizando as mais diversas flores. O ruído das cigarras, dá o tom para o acasalamento.

A natureza, fecunda. E o criador, se alegra. Sim, Deus se alegra!

Alegremo-nos então, com Ele. Cantemos: é chegada a Primavera!

As flores mais lindas nos aguardam à beira do caminho que conduz ao Seu maravilhoso Reino. Elas estão lá, no sorriso da criança doente que abraçamos, no olhar grato do idoso que acolhemos, no poder regenerador do perdão sincero ao irmão que nos feriu.

Estão lá, exuberantes, para aqueles caminhantes que mantém abertos os olhos e guardados os corações nas veredas do Senhor.

“Sol de primavera, abre as janelas do meu peito. A lição sabemos de cor, só nos resta aprender” (Beto Guedes)

DE QUE ESTÁ SOBRECARREGADO O SEU CORAÇÃO?

Acautelai-vos por vós mesmos, para que não aconteça que os vossos corações se sobrecarreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos pegue de surpresa, como uma armadilha.
Pois cairá sobre todos os que habitam na face da terra.
Vigiai em todo o tempo, e orai, para que sejais havidos por dignos de escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do Homem.” (Lucas 21: 34-36
)

DE QUE ESTÁ SOBRECARREGADO O SEU CORAÇÃO?

Os “cuidados da vida” tem tomado demais o seu tempo?

Em Mateus 6:25, Jesus nos diz : “Por isso vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais que o vestuário?”

E ainda em Mateus 6:27: “Qual de vós poderá, com as suas preocupações, acrescentar uma única hora ao curso da vida?”

QUE ESCOLHA VOCÊ ESTÁ FAZENDO? A ESCOLHA DE MARTA, OU A ESCOLHA DE MARIA?

Temos tido realmente a dimensão de que nosso tempo é breve? Precisamos deixar os afazeres para nos assentarmos aos pés do Mestre querido que ainda nos fala, porque haverá um tempo em que não poderemos mais ouvi-lo.
Se tivéssemos a total dimensão da provisoriedade da nossa vida, que escolhas faríamos? A que nos dedicaríamos?

FAÇA UMA RELAÇÃO SINCERA DO QUE TEM SIDO PRIORIDADE NO SEU CORAÇÃO. QUAIS SÃO AS CARGAS DO SEU CORAÇÃO? QUAL É A GORDURA QUE PRECISA SER TIRADA?

PROCURE TRAZER PARA O SEU DIA A DIA A DIMENSÃO DE QUE VC É UM SER ESPIRITUAL, QUE NÃO PERTENCE A ESTE MUNDO, QUE ESTÁ AQUI DE PASSAGEM.

PROCURE SE LIVRAR DAS CARGAS EMOCIONAIS DESNECESSÁRIAS, E DAS PREOCUPAÇÕES INÚTEIS, ENTREGANDO-AS AO PAI, QUE TUDO VË, TUDO OUVE E TUDO SABE AO SEU RESPEITO.

PROCURE SE ESVAZIAR, A CADA DIA, MAIS E MAIS.

“É necessário que Ele cresça, e que eu diminua”. (Jo 3:30)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Receita de Boneca


Boneca boa tem cérebro. Então, comecemos por ele:
Enrole uma meia de nylon (usada) sobre si mesma e vá formando uma bola consistente e maleável. Uma malha de algodão cortada em pequeno círculo lhe servirá de cabeça. Em torno da bola, vá colocando recheio, desses que se usa em almofadas. Pode ser lã de carneiro, que faz o recheio de bonecas nobres, ou rechaços de algodão, para aquelas mais pobrezinhas.
Com a cabeça feita, amarre na altura da testa uma linha bem apertada, para o relevo do rosto. Escolha lã grossa e farta, e circule a cabeça com o fio, em espiral, um a um, formando o couro cabeludo - boneca boa é assim: faz imitação de menina! - Disponha os fios de lã lado a lado, e prenda com ponto atrás... Dois pontinhos para os olhos, um tracinho de linha pro nariz, um risquinho para a boca!
O corpo é coisa de menos pra quem já fez a cabeça! Com 4 tiras de pano, duas maiores e duas menores, costure nas laterais e recheie novamente: como salsichas se faz um corpo igual ao da gente! O tronco é um cilindro. Prenda os braços e pernas e terá a aparência de um frango de domingo! Recheie bem recheado o corpinho da boneca. No meio do peito, faça uma bolinha com panos de lembranças, e ponha quaisquer coisinhas de algum significado. Está pronto o coração, no meio do corpo plantado!
Agora, volte à cabeça: ponto colchão, prá lá e pra cá prendendo ao pescoço. Cuidado pra não ficar mole, nem dura demais que não mexa! E pronto! Nasceu a boneca!
No seu cesto de retalhos procure paninhos floridos e corte um vestidozinho que seja alegre e singelo! Costure com ponto invisível e salpique rosinhas de crochê e botões. Faça botinhas de feltro e calce os pés da boneca. Num cantinho de almofadas deixe que ela repouse.
Depois da boneca feita, convide algumas amigas pra festa do batizado. Dê-lhe um nome bem bonito, e sirva suco de uva com um bolo confeitado!

Intimidade x Alienação


“Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta agora é osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam.” (Gen: 2:21-25)

Vivemos num tempo em que a nudez do corpo toma cada vez mais espaço. Na Tv, nos outdoors, nas escolas, nas ruas, nas igrejas. Um tempo em que roupas vestem menos, e o corpo se mostra mais. Corpos que valem tão pouco!
Deparamo-nos com corpos empilhados por terremotos e atentados. Passamos por corpos jogados no chão das nossas ruas, vivos, mas como mortos. O corpo disforme.
Nas bancas de revista, o apelo: corpos e corpos nus .
Ao mesmo tempo, as salas dos terapeutas de casais, os consultórios de psiquiatras e psicanalistas, os gabinetes pastorais, estão cheios de homens e mulheres que vivenciam o esfriamento de sua vida conjugal, e vêem seu casamento se transformar numa lenta e interminável agonia. Traem e são traídos. Arrastam seus cônjuges por anos a fio, como cruz pesada e terrível.
Passando por Genesis 2 me pergunto: O que havia em Adão e Eva? Eram feitos da mesma matéria, pelo mesmo artesão, criaturas feitas uma para a outra.
Havia intimidade verdadeira.
A Bíblia, se utiliza do termo “conheceu” referindo-se à união no ato sexual: “E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu,...” (Gn 4:1). O termo conhecer está definido como unir-se. Pergunto então: Que realidade temos hoje?
Casais que não se conhecem. Não têm intimidade. Não compartilham suas dificuldades. Em contraponto ao despir do corpo físico, vestem com burka seu mundo de afetos. Talvez por isso tanta infertilidade, a sexualidade desfeita em receitas de revistas populares, o prazer que se busca com avidez num mundo de próteses e plástico.
A vida sexual precisa ser compreendida como conseqüência de intimidade, e não como a única alternativa para intimidade. Desnudar-se significa muito mais do que tirar a roupa. Há quem diga que dormir com alguém pode ser mais íntimo do que ter uma relação sexual, porque ao dormir estamos mais entregues, à mercê do outro. Em tempos de nudez banalizada, nos escondemos tanto.
O Ato Conjugal é um ato continuo, que se complementa com a alegria do prazer trocado entre o casal. É preciso haver troca efetiva, que toque a alma de cada um. Quando alguém toca um outro, prescinde de intimidade emocional. Na falta disso, morreremos de sede à beira da fonte.

“BEBE A ÁGUA DA TUA CISTERNA E DAS CORRENTES DO TEU POÇO.
DERRAMAR-SE-IAM POR FORA AS TUAS FONTES, E PELAS RUAS, OS RIBEIROS DE ÁGUAS?
SEJAM PARA TI SÓ E NÃO PARA OS ESTRANHOS CONTIGO.
SEJA BENDITO O TEU MANANCIAL, E ALEGRA-TE COM A MULHER DA TUA MOCIDADE.” (PV 6:15-18)

Um poço de água no deserto é uma dádiva preciosa de Deus. Ter um poço, uma fonte, é uma benção. Deixar que as fontes se derramem por fora, desperdício e ignorância.
Deus abençoou a humanidade com um manancial de energia, de vitalidade, de alegria, que é o amor do outro.
Quanto temos deixado de usufruir daquele(a) que nos foi dado pra dividirmos a caminhada nessa vida! Nos enfrentamos como num ringue, sem percebermos que estamos do mesmo lado da arena. Disputamos muito, desfrutamos pouco. Quem ganha o jogo? Todos perdem.
Trazemos para o nosso casamento uma herança dos padrões de relacionamento com nossas famílias de origem, que nos marcaram, e frente aos quais acabamos por desenvolver outros, semelhantes ou contrários, mas freqüentemente inadequados porque não consideram os padrões do outro.
A primeira tarefa de dois que se casam, é, de fato, casarem-se. É abrirem mão da “ lealdade” aos padrões aprendidos em suas famílias de origem, para efetivamente abrirem-se para o outro. Se vamos à fonte com nossos cântaros cheios, não poderemos colher água. Ela se perderá. Tomar para mim uma fonte da qual não bebo, é desperdiçar o dom.
Os carros modernos nos dizem de outro sintoma que temos vivido. Usamos “ insufilm” demais. Perdemos a transparência. Não estamos interessados em voltar nosso olhar para fora mas, blindados por insufilm, ligamos o som e o ar e nos perdemos em nós mesmos. Dormimos com alguém todos os dias, e não sabemos os seus sonhos. Não sabemos os seus desejos, os seus medos. Dele(a) sabemos apenas a queixa repetida como rosário, tornada por vezes no único contato possível. O diálogo se cristaliza em queixas e rotina.
Precisamos limpar o diálogo. Fazer o livro de contas. Passar a limpo. Criar momentos pra intimidade, pra tocar verdadeiramente o outro. Dispensar a meia luz, e despirmo-nos para o outro em nossas emoções, nossos anseios, nossa insegurança. Com a confiança de que aquele que me vê e em semelhança foi criado, quando em plena comunhão, é comigo uma só carne.